Folha de S. Paulo


Zona do euro fecha resgate ao Chipre, mas fixa teto de € 10 bi

Depois de nove meses, os ministros de Economia e Finanças dos países da zona do euro chegaram a um acordo na madrugada deste sábado sobre os detalhes do resgate do Chipre, que alcança € 10 bilhões de euros. Foram necessárias cerca de dez horas de negociações.

O Chipre é o quinto país da Eurozona a ser resgatado, após Grécia, Irlanda, Portugal. A zona do euro também concedeu uma ajuda bilionária a Espanha destinada a seu setor financeiro.

O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, informou durante a entrevista, após a reunião, que o resgate inclui "ambiciosas medidas" no âmbito da consolidação fiscal, reformas estruturais e privatizações, bem como "ações determinantes" para garantir a estabilidade financeira.

O Eurogrupo reduziu o montante total da assistência de € 17,5 bilhões de euros, segundo os cálculos feitos inicialmente, para até € 10 bilhões.

Christine Lagarde, a diretora-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), explicou que quer propor ao conselho da instituição "uma contribuição" ao resgate, dado que a proposta agora "é sustentável".

Os 17 países da zona do euro pactuaram um pacote de medidas que inclui um imposto extraordinário de 9,9% sobre os depósitos de mais de € 100 mil e de 6,7% para os valores menores, assim como o aumento do imposto de sociedades para 12,5%.

Além disso, o pacote prevê "medidas excepcionais" para fazer frente à frágil situação do setor bancário cipriota, mas sem colocar em risco a sustentabilidade da dívida do país, disse Dijsselbloem.

O presidente do Eurogrupo disse que a eurozona acredita que essas iniciativas, entre outras, e sua "estrita implementação" permitirão que a dívida pública do Chipre, que deverá alcançar 100% do PIB em 2020, permaneça em uma via sustentável, além de elevar seu potencial de crescimento e garantir a estabilidade financeira desse país a longo prazo.

Com apenas 1,1 milhão de habitantes, o Chipre desenvolveu um setor financeiro hipertrofiado e muito exposto à Grécia que, junto ao turismo, constituiu durante muitos anos seu principal motor de crescimento. Com a explosão da crise grega, em 2010, e o resgate imposto dois anos mais tarde aos proprietários de bônus gregos, entre eles os bancos cipriotas, a ilha entrou em recessão.

Também neste sábado, os ministros das Finanças da Eurozona decidiram conceder a Irlanda e Portugal, ambos sob resgate financeiro, mais tempo para a devolução do dinheiro.


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