Folha de S. Paulo


Escolha do papa não surpreende fiéis em Jerusalém

Um dia depois de ser anunciada a escolha do novo papa da Igreja Católica, a australiana Yvone Nolan observa a Igreja do Santo Sepulcro a distância. Não quer entrar.

"Senti uma presença muito forte quando me aproximei, então voltei", diz à Folha, enquanto espera que seus amigos visitem o local.

Essa igreja, erguida nas entranhas da cidade antiga de Jerusalém, é há séculos a coroa da peregrinação entre cristãos. A construção marca tanto o local da crucificação quanto do jazigo de Jesus.

A movimentação nos arredores, nesta quinta, era regular. Não parecia haver grupos ali especialmente para celebrar a escolha do novo pontífice.

"É interessante estar aqui quando ele foi eleito", diz a estudante americana Deborah Givens, ortodoxa. Da visita, diz que se impressionou com "como todos os cristãos por aqui estão conectados".

Para o tcheco Martin Skladal, de família católica, a nomeação de Francisco já era "esperada". "A igreja percebeu que está se fortalecendo fora da Europa e se enfraquecendo dentro do continente", diz. "[A escolha de um argentino] é um símbolo para a população de fiéis."

Apesar de não ser religioso, Skladal está em Israel para conhecer os locais históricos do cristianismo. Na cidade de Belém, na Cisjordânia, a Igreja da Natividade celebra o nascimento de Cristo.

"A região é mais fascinante para mim pelo cristianismo do que pelo judaísmo."

Ao anoitecer, conforme a praça diante da igreja se esvaziava, o estudante italiano Enrico Tomasela rumava às ruas do mercado árabe, acompanhando um grupo de alguns peregrinos católicos.

Eles vieram de San Polo di Piave, em Treviso, para acompanhar o pároco local --que será nomeado bispo na Líbia, em cerimônia realizada em breve em Belém.

Quando questionado sobre a origem do novo papa, que rompe com a longa hegemonia europeia, ele dá de ombros antes de desaparecer pelos arcos da cidade. "Mas ele é de família italiana", diz.


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