Folha de S. Paulo


'Se não me caso com você, viro padre', disse Bergoglio a "namorada"

Aos 12 anos, Jorge Mario Bergoglio mandou uma carta a uma menina chamada Amalia, que acreditava ser sua namorada, com uma proposta para que os dois se casassem. Na época, ele não pensava se dedicar à Igreja, mas fez uma ameaça caso não conseguisse se juntar à moça.

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"Se eu não me caso com você, viro padre", teria dito o hoje papa Francisco a Amalia, de acordo com o que a própria amiga disse, em entrevista a canais de televisão da Argentina.

Na época, os dois moravam em uma rua do bairro de Flores, em Buenos Aires. Além do pedido, ela diz que Bergoglio desenhou uma casa, com a seguinte mensagem: "Essa é a casinha que vou comprar quando nos casarmos".

Amalia diz que o romance não prosperou por causa da oposição dos pais dela. "Não respondi a carta. Meu pai me deu uma surra porque eu me atrevia a ler a carta de um menino e fez todo o possível para nos separar. Depois disso, eu nunca mais o vi", disse.

Ela disse que o agora cardeal era um menino muito correto e que sua mãe era uma "Virgem Maria". Para ela, os dois talvez fossem almas gêmeas. "Quando isso aconteceu com meus pais eu disse a Jorge que não se aproximasse porque meu pai ia me matar".

PERFIL

Bergoglio nasceu na capital argentina e, depois de cursar o seminário no bairro Villa Devoto, entrou para a Companhia de Jesus aos 19 anos, em 1958. Foi ordenado padre pelos jesuítas um ano depois, quando estudava teologia e filosofia na Faculdade de San Miguel.

De 1973 a 1979, ele foi provinciano pela Argentina e, a partir de 1980, reitor da faculdade de San Miguel --cargo que ocupou por seis anos. O papa obteve o título de doutor na Alemanha.

Foi nomeado bispo em 1992 e elevado a arcebispo em 1997, passando a chefiar a arquidiocese de Buenos Aires desde então. O argentino ingressou no Colégio de Cardeais em 2001.

Na Santa Sé, participava de diversos órgãos: era membro da Congregação para o Culto Divino e para a Disciplina dos Sacramentos, da Congregação para o Clero e da Congregação para os Institutos da Vida Consagrada e das Sociedades da Vida Apostólica, além do Conselho Pontifício para a Família e da Comissão Pontifícia para a a América Latina.

Ele era considerado "papável" desde o conclave que elegeu o alemão Bento 16 para suceder o polonês João Paulo 2º, em 2005. Com a renúncia do primeiro, o nome do arcebispo de Buenos Aires voltou a ficar entre os mais cotados ao posto de papa.

Em 2010, quando a modalidade foi permitida pela legislação argentina, o então arcebispo de Buenos Aires --que já disse que a adoção de uma criança por um casal gay é uma forma de discriminação ao jovem-- entrou em confronto com o governo de Cristina Kirchner. A presidente argentina, por sua vez, replicou dizendo que a posição da Igreja evocava a época medieval.


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