Folha de S. Paulo


Síria diz que armar rebeldes viola direito internacional

A intenção da França e do Reino Unido de armar os rebeldes na Síria para derrubar o regime do presidente Bashar Assad é "uma violação flagrante do direito internacional", afirmou nesta quinta-feira a agência oficial síria Sana.

"Em uma violação flagrante do direito internacional, o ministro francês das Relações Exteriores Laurent Fabius anunciou a vontade de seu país e da Grã-Bretanha de fornecer armas aos grupos terroristas", escreve a agência.

O regime usa o termo grupos terroristas para referir-se aos rebeldes.

Já o porta-voz da oposição síria afirmou que a vontade expressa pela França e Reino Unido de armar os rebeldes sírios é "um passo na boa direção para derrubar o regime".

"Bashar Assad não aceitará a solução política para o conflito até que saiba que diante dele tem uma força armada que vai derrubá-lo", afirmou o porta-voz Walid al Buni.

"E, enquanto os iranianos e os russos continuarem oferecendo seu apoio, Bashar al-Assad continuará convencido de que vai vencer a guerra", acrescentou.

EUROPA

O ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, disse nesta quinta-feira que o país e o Reino Unido têm a intenção de suspender o embargo ao envio de armas aos rebeldes sírios, mesmo que não consigam convencer o resto da União Europeia.

A restrição foi aprovada pelo bloco de 27 países para restringir a entrega de armamento para ambos os lados do conflito, que completa dois anos na sexta (15). Os confrontos entre as tropas do regime de Bashar Assad e os insurgentes deixaram 70 mil mortos no período, segundo a ONU.

Em entrevista à rádio France Info, Fabius disse que Londres e Paris poderiam tomar a decisão mesmo violando uma lei europeia. "A posição que tomamos com os britânicos é que os europeus devem levantar o embargo para que os resistentes [sírios] possam defender-se".

Para o chanceler, o fornecimento de armas é uma forma de diminuir o desequilíbrio entre os rebeldes e as forças de Assad e acusou a Rússia e o Irã de fornecer armamentos ao regime. "Não se pode aceitar o desequilíbrio atual".

A proposta de quebra do embargo será feita pelos dois países aos sócios europeus até o fim de março, mas Fabius disse que pedirá antecipação. "Nós temos que andar muito rápido. Os europeus devem olhar para esta questão em semanas, mas vamos pedir, com os britânicos, para antecipar esta reunião".

Nas últimas semanas, França e Reino Unido defendem formas de armar os rebeldes, o principal pedido dos opositores sírios, que já tiveram sua posição política reconhecida pelos europeus e os Estados Unidos. No entanto, a proposta encontra resistência dos parceiros europeus.

O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Guido Westerwelle, disse que o país é contra armar os rebeldes e disse que, se Londres e Paris o fazem, podem fazer com que se alastre o conflito na Síria por todo o Oriente Médio.

"Não nos devemos deixar levar somente pelos sentimentos. As armas podem cair nas mãos erradas e essa manobra política poderia gerar uma escalada de violência no país".

Na quarta (13), a Rússia, um dos principais aliados do regime sírio, disse que o fornecimento de armas aos rebeldes violaria o direito internacional. O país tem um contrato com a Síria para envio anual de armas e alega que não pode rompê-lo.

"A lei internacional não permite a venda de armas para atores não-governamentais", disse Lavrov em coletiva de imprensa em Londres, após encontro com o chanceler britânico, William Hague.


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