Folha de S. Paulo


Cristina Kirchner saúda opositor papa Francisco; veja repercussão

A presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, deu os parabéns ao cardeal do país Jorge Mario Bergoglio, que foi eleito pontífice nesta quarta-feira (13). O papa Francisco é um opositor da administração da mandatária.

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Em comunicado que foi publicado no microblog Twitter, Cristina felicitou o cardeal em nome do Estado e da população argentina. "É nosso desejo que tenha uma frutífera tarefa pastoral desempenhando grandes responsabilidades em prol da justiça, da igualdade, da fraternidade e da paz da humanidade", disse.

A nota de parabéns foi entregue cerca de duas horas depois da apresentação de Francisco. No momento do anúncio do novo pontífice, a mandatária inaugurava um gasoduto na Província de Neuquén, no sul do país.

A reação da mandatária argentina saiu após a manifestação de autoridades mundiais, governamentais e religiosas, sobre a assunção de Francisco. O cardeal Jorge Mario Bergoglio foi escolhido após seis votações no Vaticano, no segundo dia de conclave.

MARADONA

O ex-jogador Diego Maradona comemorou a eleição do cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio a papa e revelou o desejo de se reunir com ele, em Roma. "O Deus do futebol é argentino, e agora o papa também é", brincou o ídolo, cujas declarações foram repassadas à imprensa argentina por seu advogado, Angelo Pisani.

"Assim que for à Itália, espero poder ter uma audiência com ele", acrescentou "El Pibe", que lembrou que viveu uma "emoção inesquecível" quando foi recebido por João Paulo 2º, no começo da década de 1990. No entanto, anos depois, o papa morto em 2005 foi criticado e até xingado por Maradona.

BRASIL

A presidente Dilma Rousseff emitiu nota parabenizando Bergoglio e a população argentina pela escolha do primeiro papa latino-americano. "É com expectativa que os fiéis aguardam a vinda do papa ao Rio de Janeiro para a Jornada Mundial da Juventude, em julho."

Mais cedo, o secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos no Brasil (CNBB), Leonardo Steiner, saudou o novo pontífice, que considera que levará sua experiência na América Latina e no Caribe para o Vaticano. "Ele revigora a Igreja na sua missão de 'fazer discípulos entre todas as nações."

A CNBB disse ainda que o novo papa irá "aprofundar na Igreja o dom do diálogo, em uma sociedade marcada pela pluralidade e pela diversidade".

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse esperar que Francisco saiba "dialogar com os desafios do mundo moderno, conservando, no entanto, os valores eternos da igreja".

AMÉRICA LATINA

Além do Brasil e da Argentina, outros países felicitaram a eleição do papa Francisco.

O presidente interino da Venezuela, Nicolás Maduro, disse que Hugo Chávez, morto na semana passada, "influenciou no céu para que seja eleito um papa latino-americano".

"Alguma nova mão chegou e Cristo disse que chegou a hora da América do Sul. Nós sabemos que nosso comandante subiu as alturas e está frente a frente com Cristo", concluiu, acrescentando que em breve deve ser convocada "uma constituinte no céu para mudar a igreja".

Candidato da oposição venezuelana, Henrique Capriles pediu "sabedoria" para o novo papa. "É a primeira vez que nosso continente tem um papa, que Deus lhe dê sabedoria para conduzir a igreja, [estes são] tempos de mudanças!", disse.

O presidente cubano, Raúl Castro, enviou seus "cordiais cumprimentos" ao novo papa e o presidente da Conferência de Bispos Católicos de Cuba, Dionisio García, expressou sua alegria pelo fato de os cardeais terem escolhido em pouco tempo e sua "satisfação" porque Francisco é latino-americano.

"Significa que a Igreja mergulha em um mundo que a Europa não é o centro, o eixo do mundo, mas uma sociedade que abrange todos os países", disse García, arcebispo de Santiago de Cuba.

"O fato de que a América Latina tenha em Francisco o primeiro papa da história deste continente que leva mais de 500 anos de vida cristã fala da maturidade da igreja na América Latina",

O equatoriano Rafael Correa disse que o mundo vive "momentos históricos sem precedentes" em relação à escolha do papa. No Twitter, o colombiano Juan Manuel Santos deixaram seus votos de bom papado.

No México, o segundo país com mais católicos do mundo, Eugenio Lira, secretário-geral da CEM (Conferência do Episcopado Mexicano), deu as boas-vindas à escolha, que "nos enche de alegria porque nos sentimos mais identificados com alguém que conhece a realidade de nossos povos latino-americanos".

O presidente do México, Enrique Peña Nieto, expressou "aprovação pela eleição do primeiro pontífice de origem latino-americana", em sua conta oficial no Twitter. Dos 112 milhões de mexicanos, 84% são batizados.

O secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), José Miguel Insulza, também saudou a eleição do novo papa. "É o primeiro (papa) americano e latino-americano e isto nos alegra muitíssimo", declarou Insulza.

Os governos de El Salvador e Honduras mandaram mensagens saudando o papa Francisco.disse por sua vez o arcebispo de Santiago do Chile, Ricardo Ezzati.

O Congresso Judaico Latino-Americano também cumprimentou o papa Francisco, destacando a importância do cardeal Bergoglio na Igreja Católica. O diretor da organização, Claudio Epelman, disse que "não tem dúvidas de que fará um grande trabalho frente à Igreja".

RESTO DO MUNDO

O presidente americano, Barack Obama, ofereceu "calorosos votos" ao papa, saudando o argentino como "o primeiro papa das Américas". "Como campeão dos pobres e dos mais vulneráveis dentre nós, ele leva adiante a mensagem de amor e compaixão que inspirou o mundo por mais de dois mil anos".

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu que Francisco continue a compartilhar objetivos em comum, como a promoção da paz, da justiça social, dos direitos humanos e a erradicação da pobreza e da fome.

Segundo ele, o novo papa "continuará o legado de seu antecessor, Bento 16, na promoção do diálogo ecumênico que está no coração da iniciativa da aliança de civilizações".

O primeiro-ministro italiano, Mario Monti, disse que se sente feliz pela escolha do pontífice, que também é o bispo de Roma, e por ter escolhido o nome do padroeiro italiano, são Francisco de Assis. Ele lembrou ainda os vínculos históricos entre os italianos e os argentinos.

O francês François Hollande disse que Francisco deve enfrentar os desafios do mundo contemporâneo.

O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, afirmou a eleição foi um momento "transcendental" para os católicos de todo o mundo. "Um dia transcendental para os 1,2 bilhão de católicos ao redor do mundo, no qual sua santidade o papa Francisco foi nomeado o papa de Roma número 266", afirmou o premiê britânico.

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, felicitou "todos os cristãos da América Latina" pela escolha de Bergoglio. "Me alegro especialmente por todos os cristãos da América Latina, já que pela primeira vez foi eleito um deles à frente da Igreja Católica", disse a chanceler.

O rei da Espanha, Juan Carlos Carlos, e sua esposa, a rainha Sofía, enviaram uma mensagem ao novo papa para expressar sua felicitação por ter sido nomeado o 266º sucessor de São Pedro.

O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, enviou uma mensagem de felicitação e disse que está disposto a manter e reforçar "as especiais relações entre a Santa Sé e a Espanha, sobre a base dos profundos valores que compartilhamos, a vida, a dignidade humana, a liberdade, a paz e a justiça".

O primeiro-ministro da Irlanda, Enda Kenny, felicitou o povo argentino pela eleição do papa, dizendo que o país compartilha muitos laços históricos com a Argentina.

Outra autoridade que se manifestou foi o monsenhor da Igreja Católica em Port Stanley, nas ilhas Malvinas. Michael Bernard McPartland parabenizou Bergoglio e disse que o papa Francisco não será visto como argentino, mas como papa. O país sul-americano disputa o controle das ilhas com o Reino Unido.

O chefe da Igreja Anglicana, o arcebispo da Cantuária Justin Welby, desejou ao papa Francisco "todas as bênçãos para lidar com as enormes responsabilidades que ele assumiu como chefe da Igreja Católica Romana".

"Eu me alegro em encontrar o papa Francisco, em caminhar e trabalhar com ele para continuar o legado deixado por seus antecessores", declarou Welby em comunicado. "A eleição era de grande importância para todas os cristãos do mundo, e não era diferente para os anglicanos", afirmou o arcebispo da Cantuária.

O presidente palestino, Mahmud Abbas, convidou o chefe da Igreja Católica a visitar Belém, na Cisjordânia, lugar onde nasceu Jesus segundo a tradição cristã. Abbas convidou Francisco a "trabalhar pela paz, em especial no Oriente Médio".


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