Folha de S. Paulo


Em duas horas, guerra com Hizbollah pode começar, diz israelense

"Meu nome significa 'agricultor' em hebraico", diz Yogev Bar-Sheshet, tenente-coronel do IDF (Forças de Defesa de Israel). Depois, aponta para a arma que carrega: "Eu pareço um fazendeiro?".

Ele guia a Folha pela base na fronteira com o Líbano, em Rosh Hanikra. A reportagem está ali a convite das forças israelenses.

A leste, na fronteira com a Síria, funcionários da ONU foram raptados por insurgentes na semana passada.

"Estamos prontos para um conflito [com o Hizbollah]", repete em toda a visita. Ele comanda o regimento em 20 quilômetros de fronteira.

A divisa com o Líbano é um dos pontos tensos do território israelense. O sequestro de soldados por militantes do Hizbollah em 2006 levou à Segunda Guerra do Líbano.

Esse grupo terrorista xiita, com laços com os regimes sírio e iraniano, tem forte presença no sul libanês.

"Você pode estar tranquilo, mas, em um segundo, podemos ser o alvo de um foguete. Em duas horas, outra guerra vai ter começado", diz o tenente-coronel.

A passagem entre Israel e o Líbano é impedida por cercas mais baixas do que as que são vistas em condomínios de luxo em São Paulo.

"Se alguém quiser, vai passar", diz. "Mas essas antenas que você vê aqui não são para celular", afirma, referindo-se a outras tecnologias de monitoramento.

Ele dá carona à Folha em um veículo blindado e dirige pelo perímetro da fronteira. "Você não vê, mas o Hizbollah está aqui."

Há temor de que o grupo terrorista esteja também na fronteira com a Síria. Conforme o regime do ditador Bashar Assad se esfacela, a comunidade internacional se preocupa com a possibilidade de os armamentos dos sírios serem transferidos para os militantes no Líbano.

Bar-Sheshet não discute essa questão. Mas afirma que, ao menos uma vez por semana, "pastores com apenas duas ovelhas" vêm à cerca e tiram fotos dos equipamentos israelenses. "Eles estão reunindo informações."

Israel também se prepara, garante o tenente-coronel Bar-Sheshet . Na semana passada, reservistas treinaram ao sul, em terreno montanhoso, semelhante ao do Líbano.
"Se eu quiser, chego até Beirute", diz. "Mas não quero. Quero a paz."


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