Folha de S. Paulo


Premiê britânico diz que pode ignorar embargo de armas à Síria

O primeiro-ministro britânico James Cameron disse nesta terça-feira que pode ignorar o embargo de armas da União Europeia (UE) à Síria, permitindo que os armamentos cheguem às mãos dos opositores ao regime de Bashar Assad.

"Eu espero que possamos persuadir nossos parceiros europeus, se e quando mais mudanças se façam necessárias, e que eles concordem conosco", disse Cameron a um comitê parlamentar.

"Mas, se não conseguirmos, não está fora de cogitação que tenhamos que fazer as coisas do nosso jeito. É possível".

O anúncio acontece depois que a França indicou que poderia pressionar pelo fim do embargo, dizendo que o balanço de poder no país teria que mudar para que Assad entenda que não pode vencer pela força.

"A França está pensando --apesar de ser uma decisão europeia-- em ir adiante e levantar o embargo", disse o ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius.

"Podem me perguntar se isso não é contraditório com a busca por uma solução política, mas achamos que não", afirmou Fabius.

"Se quisermos que o presidente Bashar Assad mude de posição, então ele tem que ser forçado a entender que não pode vencer pela força militar. Existe um novo balanço de poder que precisa ser criado."

Fabius, que tem sido um dos mais contundentes críticos de Assad, disse que apesar de algumas nações da UE não decidirem apoiar a flexibilização do embargo, o governo de Paris entende que essa é a "decisão correta" a se tomar.

"Nós entendemos a ideia de não adicionar armas às armas, mas essa posição não funciona frente à realidade, e ela é que a oposição está sendo bombardeada por outros que conseguem armas enquanto eles não conseguem fazê-lo. É uma posição difícil de manter."

Depois de semanas de debates, a UE flexibilizou o embargo de armas para permitir a entrada de veículos blindados, equipamento militar não-letal e ajuda técnica para a oposição síria, com a condição de que a intenção é proteger os civis.

O embargo é parte de um pacote de sanções do bloco à Síria.


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