Folha de S. Paulo


Eleição na Venezuela é confirmada para 14 de abril

A Venezuela realizará eleições presidenciais em 14 de abril, informou a comissão eleitoral do país neste sábado (9), em um momento em que o presidente em exercício, Nicolás Maduro, tenta se beneficiar de um apelo sentimental de seu mentor, Hugo Chávez, para ocupar o lugar do ex-presidente, morto na terça-feira (5).

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"Convocamos a eleição presidencial para o dia 14 de abril de 2013", disse a presidente do CNE (Conselho Nacional Eleitoral), Tibisay Lucena, contrariando a pressão de alguns membros do governo para que o evento ocorresse em 13 de abril, aniversário do retorno de Chávez ao poder após o golpe de 2002.

A campanha eleitoral acontecerá de 2 a 11 de abril, e as candidaturas serão apresentadas entre amanhã e segunda-feira, informou Lucena, acrescentando que as eleições municipais de julho foram "suspensas" até nova data.

Com o pleito de 14 de abril, o CNE terá organizado três eleições nacionais em seis meses: as presidenciais de 7 de outubro --vencidas por Chávez--, as regionais de 16 de dezembro em que o oficialismo ganhou 20 dos 23 governos-- e a nova disputa.

Maduro, que já foi ministro das Relações Exteriores e vice-presidente do governo de Chávez, jurou manter a revolução socialista pessoal de seu guia viva. Ele prestou juramento no Congresso na sexta-feira (8) como presidente em exercício e recebeu a faixa presidencial, vermelha, amarela e azul.

Juan Barreto/AFP
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Ele vai enfrentar o líder da oposição Henrique Capriles, 40, governador centrista do Estado de Miranda que perdeu para Chávez nas eleições de outubro. A oposição venezuelana confirmou hoje o nome dele.

"Decidimos por unanimidade oferecer a candidatura presidencial da Unidade àquele que foi nosso candidato nas eleições presidenciais recentes", anunciou o secretário-executivo da coalizão opositora MUD (Mesa da Unidade Democrática), Ramón Guillermo Aveledo.

Pesquisas de opinião mostraram Maduro como o provável ganhador, mas a oposição disse que querem ter a chance de acabar com o "Chavismo" nas urnas.

"Nós queremos novas eleições agora. Nós queremos mudar. Estamos cansados da era Chávez. Já foram 14 anos", disse Yesenia Herrera, 33, cozinheira de um restaurante chinês em um bairro próspero de Caracas.

Chávez era imensamente popular entre os pobres e eles juraram apoiar Maduro. Milhões de pessoas fizeram fila em seu caixão para prestarem seus últimos respeitos e ainda estavam visitando o ex-líder hoje.

A Suprema Corte havia mais cedo decidido que Maduro não precisaria deixar o poder para conduzir sua campanha, medida denunciada por oponentes como violação da Constituição e "fraude".


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