Folha de S. Paulo


Além de Chávez, Lênin e Mao Tsé-tung também foram embalsamados

Após os dois dias de velório na Academia Militar de Caracas, o corpo do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, será embalsamado e colocado em uma urna de vidro por sete dias. Depois, ficará exposto no futuro museu da Revolução, na capital Caracas.

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O procedimento, que foi anunciado na quinta (7) pelo vice-presidente Nicolás Maduro, já foi usado por outros líderes mundiais, em especial comunistas. Dentre os embalsamados, estão o soviético Vladimir Lênin, o chinês Mao Tse-tung e os norte-coreanos Kim Il-sung e Kim Jong-il, todos comunistas.

Especialistas dizem que a intenção da Venezuela é erpetuar o culto ao líder bolivariano. "Com sua morte, esta presença e este carisma que, para bem ou mal, preenchiam os vazios do dia do venezuelano, perde uma força importante", afirmou Juan Carlos Triviño, cientista político da Universidade Pompeu Fabra, de Barcelona.

Para Triviño, a ideia do governo venezuelano é manter a presença material e tangível do presidente na memória dos venezuelanos que, segundo ele, pela primeira vez celebram o culto a um dirigente. Ele considera a decisão estratégica, como uma forma de manter o chavismo.

O professor de ciência política da Universidade de Hong kong, Joseph Cheng, afirmou que é possível criar diversos mitos para fortalecer o apoio do povo às políticas do governo. "Certamente querem garantir que o líder continue sendo um símbolo para a história. É uma forma de manter a lembrança do herói no povo".

EMBALSAMADOS

Os líderes embalsamados foram colocados, em sua maioria, em museus ou mausoléus, abertos à visitação. O soviético Vladimir Lênin foi colocado em 1924 em um mausoléu na praça Vermelha, em Moscou. O mesmo foi feito após a morte de Stálin, em 1953, que coincidentemente completou 60 anos no dia da morte de Chávez.

Na Coreia do Norte, centenas de visitantes desfilam diariamente, em silêncio, à frente dos restos de Kim Il-Sung, o primeiro líder comunista do país, morto em 1994. Em dezembro de 2011, seu filho, Kim Jong-il, também passou pelo mesmo procedimento.

Na China, o corpo também embalsamado do líder comunista Mao Tsé-Tung, morto em 1976, repousa em um mausoléu erguido na popular praça da Paz Celestial de Pequim. A prática remonta aos tempos do antigo Egito, e nela são usadas substâncias químicas ou resinas para evitar a putrefação do corpo.

Após lavar o corpo com germicidas e limpar os orifícios do nariz e a boca, são postos algodões nas cavidades evitando a saída de fluidos, e a boca é suturada para prevenir contaminações. Depois, massageia-se o corpo a fim de eliminar a rigidez e melhorar o aspecto da pele, com cremes ou óleos.

Assim que o corpo for preparado, começa o esvaziamento. É realizada uma incisão na artéria, todo o sangue é extraído e se introduz uma solução de embalsamamento, que geralmente é uma mistura de formol, água e produtos químicos, além de conservantes, fixadores, germicidas e corantes de tom similar ao do sangue.

Deste modo, o corpo recupera o seu tom natural, sem o aspecto azulado que a pele adquire após a morte. Um corpo embalsamado precisa de uma manutenção constante, e tem que estar em um lugar frio e pouco úmido.


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