A Rússia não pedirá de maneira nenhuma que o ditador sírio Bashar Assad deixe o poder para colocar fim aos confrontos com oposicionistas no país, disse nesta sexta-feira o ministro das Relações Exteriores Sergei Lavrov.
A afirmação, feita à rede BBC, reiteram a posição de Moscou de que a saída de Assad não podem ser uma condição para negociar uma solução ao conflito que começou em março de 2011 e já matou mais de 70 mil pessoas, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas).
Ao ser perguntado se havia alguma chance de que a Rússia diria para Assad deixar o poder em nome de um processo de paz, Lavrov respondeu que "absolutamente não".
"Nós somos contrários à interferência em conflitos domésticos. E essa é a nossa posição, o que não deveria ser surpresa para ninguém", completou.
Lavrov disse que Assad disse diversas vezes que não irá deixar o comando do país.
"Todos aqueles que entrarem em contato com ele sabem que ele não está blefando, e que ele está preparado para discutir qualquer questão -- entre os sírios", disse.
A Rússia, uma das maiores aliadas da Síria, já barrou três resoluções do Conselho de Segurança da ONU que tinham como objetivo derrubar Assad ou pressioná-lo a colocar fim na violência no país.
O chanceler russo diz ter visto sinais de flexibilidade.
"Estou feliz que as últimas discussões e os últimos gestos da oposição,e declarações de alguns daqueles que apoiam a oposição, indicam que eles estariam preparados para começar a negociar sem pedir a saída de Assad."
Lavrov falou antes de uma visita a Londres na próxima semana para uma reunião sobre um novo "diálogo estratégico" entre a Rússia e o Reino Unido.
A Síria está na pauta das conversas da próxima quarta-feira (13) entre os dois ministros de relações exteriores.
O Kremlin conversou recentemente sobre a necessidade de aumentar os esforços para acabar com o conflito sírio e começar uma transição política, mas as muitas reuniões deram poucos sinais de progresso.