Folha de S. Paulo


Em fila, seguidores dizem que Chávez "não morreu, se multiplicou"

A fila para ver o corpo do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, diminuiu na manhã desta sexta-feira. O mandatário, que morreu na terça (5), continua sendo velado na Academia Militar de Caracas, onde está desde a madrugada de quinta (7).

Corpo de Chávez será embalsamado; saiba mais
História irá afirmar o papel de Chávez, diz Lula no "NYT"
Missão é eleger chavista, diz chefe militar
Opositores na Flórida festejam morte de Chávez
Análise: Mídia se esforça para conter ânimos
Análise: Foco se volta para seus assessores

Diferentemente de quinta, quando os seguidores do presidente enfrentaram o calor e a falta de água e comida, há um grande número de ambulantes nas proximidades do local do velório. A maioria deles vende camisetas, bonés, bandeiras. O governo distribui garrafas de água a quem está na fila.

No início da transmissão do funeral, um repórter da emissora estatal VTV diz que "Caracas é a capital do mundo" e diz que cerimônia "ofusca" a escolha do novo papa. O funeral tem a presença de representantes de 55 países.

A maioria dos presidentes latino-americanos decidiram ficar para a cerimônia principal dos funerais de Chávez. Os presidentes do Uruguai, José Mujica, e da Bolívia, Evo Morales, estão na cidade desde quarta (6).

Um contraste com a decisão da mandatária brasileira, Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ficaram apenas horas no país. A argentina Cristina Fernández de Kirchner voltou na noite de quinta.

FILA

Durante a madrugada de quinta (6), enquanto esperavam na fila monumental, cerca de cem pessoas gritavam: "Chávez não morreu, se multiplicou!". Nesta sexta (7), milhares de pessoas seguiam esperando a sua vez de se despedir de Hugo Chávez, cujo corpo segue sendo velado na Academia Militar de Caracas.

"Não importa as horas que esperaremos, mas aqui vamos continuar até que possamos vê-lo", disse Luiz Herrera, um motorista de 49 anos.

Jogar baralho, cantar e entoar gritos de ordem em apoio ao líder morto estão entre as maneiras que as pessoas encontraram para fazer passar o tempo até chegar à sua vez de prestar homenagens a Chávez.

O vice-presidente venezuelano, Nicolás Maduro, disse na noite de quinta-feira que o corpo do presidente será embalsamado e permanecerá em exposição, em uma urna de vidro, por mais sete dias. Depois, ficará exposto no Museu da Revolução, em Caracas.

Maduro, que assumirá a presidência nesta sexta, comparou a exposição do corpo de Chávez ao líder socialista russo, Vladimir Lênin, e o ex-ditador chinês Mao Tsé-tung. O museu será criado em um quartel do bairro caraquenho de 23 de Enero, local onde Chávez organizou sua intentona golpista, em 1992.

Maduro afirmou ainda que o museu será o "primeiro local de repouso" do corpo e que, depois, serão tomadas medidas "que o povo pediu", em provável referência à transferência futura de Chávez ao Panteão Nacional, onde está enterrado Simón Bolívar. Os detalhes do eventual enterro, portanto, ainda não estão claros.

CORPO

Segundo pessoas que passaram pelo caixão, o corpo de Chávez foi vestido com um terno verde-oliva, cor de sua farda, e gravata preta, além da clássica boina vermelha que o acompanha desde quando era militar. Os visitantes dizem que o rosto dele tem expressão serena.

Os aliados dizem que é possível ver metade do corpo pelo vidro, sendo que a bandeira venezuelana cobre o resto. Além da roupa, foi colocada uma faixa vermelha escrito "Milícia", em referência ao grupo de 120 mil civis que ele formou para o golpe de 1992.

Na quinta (7), o chefe da guarda presidencial, general José Ornella, disse à agência de notícias Associated Press que Chávez pediu que não o deixassem morrer, horas antes de não resistir a um infarto.

O infarto teria decorrido de complicações causadas pelo câncer na região pélvica, que o deixou internado por três meses antes de morrer, na tarde de terça (5). Ele disse que o último pedido do dirigente foi feito apenas com os lábios, porque não podia falar.

Com agências de notícias.


Endereço da página:

Links no texto: