Folha de S. Paulo


Jornal liga Pentágono a tortura no Iraque

O Pentágono esteve diretamente ligado aos centros de detenção onde ocorreram práticas de tortura no Iraque durante a ocupação do país, segundo o jornal britânico "Guardian".

O órgão responsável pela Defesa nos EUA teria enviado, em 2004, o coronel James Steele, um veterano das intervenções americanas na América Central na década de 1980, para supervisionar os comandos policiais que instalaram centros secretos para conseguir informações de insurgentes.

De acordo com o jornal, as unidades conduziram alguns dos piores atos de tortura durante a ocupação e aceleraram a entrada do país numa guerra civil.

Steele era um veterano das forças especiais aposentado quando foi indicado por Donald Rumsfeld, então secretário da Defesa de George W. Bush, segundo revelou a investigação do "Guardian" com a "BBC Arabic".

Um segundo conselheiro especial, o também coronel aposentado James H. Coffman, trabalhou juntamente com Steele em centros de detenção que foram instalados com fundos americanos.

Coffman se reportava diretamente para o general David Petraeus --que foi depois diretor da CIA e teve de renunciar após envolvimento num escândalo sexual em novembro passado.

Steele, que ficou no Iraque de 2003 a 2005 e voltou ao país em 2006, respondia diretamente a Rumsfeld.

As alegações, feitas por testemunhas americanas e iraquianas, implicam pela primeira vez conselheiros americanos em abusos aos direitos humanos cometidos por esses comandos.

Também é a primeira vez que Petraeus é ligado, por meio de um conselheiro, aos abusos cometidos no Iraque.

"Eles [Coffman e Petraeus] trabalhavam lado a lado", disse o general Muntadher Al-Samari, que trabalhou com Steele e Coffman. "Eles sabiam de tudo o que acontecia lá... a tortura, as mais horríveis formas de tortura", disse. "Todos os centros de detenção tinham seu próprio comitê de interrogatórios."


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