Folha de S. Paulo


"Agora as reuniões ficarão menos animadas", diz Lula sobre Chávez

A comitiva brasileira chegou a Caracas de forma discreta ontem, às 15:58 (horário de Brasília).

Ao lado da presidente Dilma Rousseff, Lula afirmou em conversas reservadas na residência oficial do Brasil na capital venezuelana que, sem Hugo Chávez, "as reuniões (bilaterais e multilaterais) ficarão menos animadas". Dilma e seu antecessor afirmaram que ele era um "grande contador de causos".

Segundo a Folha apurou, Lula chegou a desabafar, dizendo que, nessas horas, sempre fica aquela sensação de que poderia ter sido feito mais para salvar o líder de esquerda da morte.

Após a descoberta do câncer, Chávez chegou a cogitar realizar seu tratamento em São Paulo, mas desistiu com receio de que suas informações médicas fossem divulgadas.

Politicamente, a avaliação geral, tanto do governo quanto do ex-presidente, é de que o interino Nicolás Maduro tem grandes chances de vitória, mas que as eleições gerais deveria ser convocadas o quanto antes para evitar qualquer risco.

Em Brasília, diversos interlocutores presidenciais diziam ontem que, apesar de morto, o poder eleitoral de Chávez pode ter ficado ainda maior.

Em Caracas, uma interminável fila levava populares para visitar o caixão aberto. Nas ruas, dizia-se que o mandatário, morto no dia 5, preparou os venezuelanos para sua morte, mas não necessariamente para garantir, sem sustos, a manutenção de seu sucessor no comando do país.

Ontem, Dilma e Lula cogitavam ir até o local do velório por volta das 23h (00h30, horário local). A visitação popular ocorre ininterruptamente.

Não se descartava a realização de uma reunião bilateral com Nicolás Maduro.


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