Folha de S. Paulo


Maduro assina decreto de luto nacional como presidente encarregado

O vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, assinou hoje, como presidente encarregado, a Gazeta Oficial 40.123, onde está o decreto oficial de sete dias de luto nacional pela morte do presidente Hugo Chávez.

O documento expressa a proibição de festividades e celebrações em todo o país e chama todos os venezuelanos a participarem das cerimônias fúnebres em homenagem a Chávez.

SUCESSÃO

De acordo com a Constituição da Venezuela, como Chávez não tomou posse no dia 10 de janeiro, o presidente da Assembleia Nacional, o chavista Diosdado Cabello deveria assumir a presidência e convocar novas eleições em 30 dias.

Reeleito em 7 de outubro de 2012, Chávez deveria ter se apresentado para a cerimônia de posse no Legislativo em 10 de janeiro, como determina a Constituição.

Em janeiro, enquanto Chávez estava internado em Cuba --e impossibilitado de tomar posse-- o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) autorizou que a cerimônia acontecesse posteriormente, no próprio organismo. Dessa forma, o o TSJ avaliou que, ainda que sem posse, já há um novo mandato em vigor.

Se Chávez tivesse tomado posse, caberia a Maduro, de acordo com a Constituição, assumir a presidência e convocar novas eleições em até 30 dias.

VELÓRIO

Desde a noite da última quarta (6), o corpo de Chávez é velado na capela da Academia Militar e, desde então, formaram-se longas filas de aliados para se despedir do mandatário, muitos deles de vermelho (cor símbolo do chavismo) ou com fotos e bonecos de Chávez.

O jornal "El Nacional" informa que, por volta das 10h30 locais (12h em Brasília), as filas principais chegaram a 3 km de comprimento, enquanto a fila preferencial, destinada a idosos e deficientes, alcançava 1,2 km de distância.

O tamanho das filas e a quantidade de gente faz com que se esperem até dez horas para ver o corpo do presidente através do vidro do caixão, como Yudeth Hurtado, 46. "Estou muito feliz e orgulhosa de ter visto meu comandante. Ele ficará marcado no meu coração", disse, chorando, à agência Associated Press.

CORPO

Segundo pessoas que passaram pelo caixão, o corpo de Chávez foi vestido com um terno verde-oliva, cor de sua farda, e gravata preta, além da clássica boina vermelha que o acompanha desde quando era militar. Os visitantes dizem que o rosto dele tem expressão serena.

Os seguidores dizem que é possível ver metade do corpo pelo vidro, sendo que a bandeira venezuelana cobre o resto. Além da roupa, foi colocada uma faixa vermelha escrito "Milícia", em referência ao grupo de 120 mil civis que ele formou para o golpe de 1992.

O governo venezuelano não permite que sejam tiradas fotografias do corpo. Além dos familiares, estão presentes o presidente interino, Nicolás Maduro, e os líderes de Argentina, Cristina Kirchner, Uruguai, José Mujica, e Bolívia, Evo Morales.

Logo após a chegada do corpo de Chávez ao local, Kirchner, Mujica e Morales se aproximaram do caixão e escutaram o hino nacional da Venezuela. Em seguida, Maduro, o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, e representantes de outros poderes do Estado se posicionaram diante do caixão.

Em seguida, os filhos do mandatário, Rosa Virginia, María Gabriela, Hugo e Rosa Inés, filhos de Chávez, e da neta Gabriela Rivero se aproximaram dos restos mortais. Posteriormente, chegaram Elena Frías, mãe do presidente, e os irmãos Adán (governador de Barinas), Argenis, Narciso, Aníbal e Adelys.

Ao final de uma cerimônia religiosa restrita a parentes e personalidades, o salão foi aberto ao público, que formava longas filas em torno da Academia Militar para dar o último adeus a Hugo Chávez. O velório ficará aberto 24 horas a visitação do público até a manhã de sexta-feira (8), quando será enterrado.


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