Folha de S. Paulo


Corpo de Chávez chega para ser velado após sete horas de cortejo

O caixão com o corpo do presidente venezuelano, Hugo Chávez, chegou na tarde desta quarta-feira à Academia Militar de Caracas. Lá ele deverá permanecer em velório público, por onde passará o "maior número possível" de admiradores, segundo o governo, até sexta-feira (8).

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Terminou, assim, o cortejo fúnebre de sete horas pelas ruas de Caracas do qual participaram familiares, funcionários, líderes políticos e milhares de seguidores. Durante o percurso, uma gravação do hino da Venezuela com a voz de Chávez foi acompanhado com emoção por todos os presentes.

O cortejo terminou sob aplausos e gritos de "viva Chávez".

O caixão foi carregado nos ombros de vários colaboradores, entre eles o ministro dos Esportes, Héctor Rodriguez.

Os militares explicaram ao público que, após uma cerimônia religiosa restrita à família e a altos funcionários e dirigentes chavistas, a câmara-ardente será aberta a visitação. A câmara-ardente está instalada no salão da Academia Militar, onde o jovem Chávez foi cadete e viu despertar sua vocação política que o levou ao poder em 1999.

Chávez será enterrado na sexta-feira, em cerimônia que contará com a presença de vários dirigentes estrangeiros, incluindo a presidente Dilma Rousseff.

O vice, Nicolás Maduro, 50, deverá ser o presidente interino até a realização de novas eleições, em 30 dias. Ele será o candidato governista no pleito, provavelmente contra o líder opositor Henrique Capriles, 40.

CUBA

Diversas nações declararam luto oficial pela morte de Chávez, mas, em Cuba, haverá também uma cerimônia de homenagem, na Praça da Revolução de Havana, nesta quinta-feira (7). Os prédios públicos do país mantêm suas bandeiras a meio mastro.

Conforme o regime, Chávez terá homenagens à altura do comandante da Revolução Cubana Juan Almeida (em setembro de 2009) e de Vilma Espín, mulher do ditador Raúl Castro, que foi a mais alta dirigente feminina do país.

Quando chegou ao poder em 1999, Chávez estendeu a mão à Havana com os vastos recursos petrolíferos venezuelanos, favorecendo a recuperação paulatina da economia cubana da aguda crise que caiu após o fim da ajuda soviética, uma década antes. A morte de Chávez constitui um duro golpe para a ilha e forçará Raúl Castro a acelerar suas reformas econômicas para evitar o risco de uma nova crise, segundo analistas.

"Hugo Chávez, presente! A Revolução Venezuelana será mais forte em honra a teus anseios e sacrifícios. Ante a dor, o povo unido", escreveu a deputada Mariela Castro, filha de Raúl Castro, em sua conta de Twitter.

O novo "número dois" cubano, Miguel Díaz-Canel, enviou "um abraço comovido" à Venezuela pela morte de Chávez, mas nem Fidel nem Raúl comentaram publicamente a morte do aliado e amigo.

Foi em Cuba que Chávez foi operado pela última vez, em 11 de dezembro passado, e passou semanas internado, antes de retornar de surpresa a Caracas.

LUTO

O luto pela morte de Hugo Chávez que, na Venezuela foi de sete dias, foi acompanhado por países da América Latina e por outras nações aliadas, como o Irã e Belarus. Os que deram períodos mais longos foram Bolívia, Nicarágua e Equador, aliados de Chávez, que concederam os mesmos sete dias de luto.

Argentina, Brasil, Chile, Cuba, Dominica, República Dominicana e Uruguai decretaram três dias de luto, assim como Belarus, país do leste europeu cujo ditador, Aleksander Lukashenko, era aliado do venezuelano. O Irã decretou um dia de luto.

Assim como nas declarações de luto, a maioria dos presidentes latino-americanos deverá comparecer pelo menos ao enterro de Chávez.

Além dos três presentes, os mandatários de Brasil, Dilma Rousseff; Chile, Sebastián Piñera; Equador, Rafael Correa; Nicarágua, Daniel Ortega; Peru, Ollanta Humala; e República Dominicana, Danilo Medina, estão confirmados.

Ainda há a expectativa da participação do ditador de Cuba, Raúl Castro, e do presidente do Irã, Mahmoud Ahmaedinejad, além do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-presidente paraguaio, Fernando Lugo.


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