Folha de S. Paulo


Presidente do Irã cogita ir ao enterro de Chávez; veja repercussão

O governo do Irã decretou um dia de luto oficial pela morte do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ocorrida na terça-feira (5).

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Cuba convoca eventos em todo o país em homenagem a Chávez
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Dilma decreta luto oficial de três dias no Brasil por morte de Chávez
Hugo Chávez honrou os anseios de seu povo, declara leitor

O presidente do país, Mahmoud Ahmadinejad, disse a jornalistas que "provavelmente" comparecerá ao enterro de Chávez em Caracas. Para ele, Chávez foi "um exemplo da vontade de conseguir a liberdade da nação latino-americana, da bandeira das lutas anticolonialistas em busca da justiça e da fraternidade entre as nações do mundo".

Em janeiro do ano passado, quando visitou países da América do Sul, Ahmadinejad prometeu amizade eterna a Chávez, com quem reafirmou sua aliança para "frear a loucura imperialista".

O venezuelano, por sua vez, recebeu Ahmadinejad com efusivos abraços e disse que era seu "verdadeiro irmão", enquanto ambos destacavam que manteriam seu papel de frear o que chamavam de imperialismo.

Veja abaixo a repercussão pelo mundo:

SÍRIA

O ditador da Síria, Bashar Assad, disse nesta quarta-feira (6) que a morte do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, foi "uma grande perda pessoal".

Em comunicado divulgado pela agência de notícias Sana, Assad lamentou a morte do presidente venezuelano e deu condolências ao país sul-americano e ao vice-presidente, Nicolás Maduro. "O desaparecimento desse líder único é uma grande perda pessoal e para o povo sírio, tanto como é para o povo da Venezuela".

Chávez e Assad começaram contatos em reuniões bilaterais a partir do terceiro mandato de Chávez, em 2006. A relação bilateral incluía o apoio político e o envio de petróleo ao povo sírio, que não parou mesmo durante o conflito com os rebeldes, iniciado há dois anos.

PALESTINA

O chefe de Relações Internacionais e assessor presidencial palestino, Nabil Shaat, expressou nesta quarta-feira (6) as profundas condolências da Palestina à família de Hugo Chávez e ao governo e ao povo da Venezuela pela morte de "um amigo leal".

"A Palestina diz adeus a um amigo leal que defendeu apaixonadamente nosso direito à liberdade e à autodeterminação. Sua contribuição à causa da dignidade não tinha fronteiras e alcançou os corações e mentes do mundo árabe", disse Shaat, em um comunicada enviado à imprensa durante a madrugada desta quarta-feira.

"Hoje lembramos as palavras de Simón Bolivar: 'Eu desejo mais que qualquer outro, ver formar-se na América a maior nação do mundo, menos por sua extensão e riqueza, que por sua liberdade e glória. O presidente Chávez trabalhou sem fim não só pela liberdade e glória de sua amada América Latina, mas por todos os povos oprimidos, incluindo a Palestina, um país que levava em seu coração".

BELARUS

O ditador de Belarus, Alexandr Lukashenko, disse nesta quarta-feira que perdeu um grande amigo com a morte do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e declarou três dias de luto oficial.

"Nossos corações foram atravessados por uma triste notícia. Morreu um grande amigo, um amigo fiel, nosso irmão, o presidente da República da Venezuela, Hugo Chávez", disse Lukashenko, em comunicado divulgado pela agência oficial Belta.

ISRAEL

O Ministério das Relações Exteriores de Israel evitou nesta quarta-feira fazer comentários sobre a morte do presidente venezuelano, Hugo Chávez, dirigente que levou as relações com o Estado judeu a seu ponto mais baixo.

"Não temos nenhuma avaliação sobre essa questão", disse à agência Efe o porta-voz das Relações Exteriores Yigal Palmor.

O governo de Chávez foi muito crítico com Israel nos fóruns internacionais e pediu reiteradamente punições da ONU pelo descumprimento de resoluções do organismo e violação dos direitos do povo palestino.

Por sua vez, Israel acusou repetidamente a Venezuela de ter laços estreitos com o movimento islamita palestino Hamas, a milícia libanesa xiita Hezbollah e o Irã.

Em janeiro de 2009, Caracas rompeu relações diplomáticas com Israel.

ESPANHA

O rei da Espanha, Juan Carlos 1º, enviou nesta quarta-feira (6) um telegrama ao vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, com condolências ao país pela morte do presidente Hugo Chávez. Os dois eram desafetos políticos e discutiram em uma cúpula em 2007.

Em comunicado, Juan Carlos 1º ainda comentou sobre a atuação nas relações com a Espanha e a região ibero-americana, dizendo que Chávez atuou "com empenho e dedicação". O monarca transmitiu também a Maduro seus melhores desejos de amizade e o bom andamento das relações bilaterais entre os dois países.

O chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, transmitiu também nesta quarta-feira ao Executivo e ao povo venezuelano seus pêsames pela morte do presidente da república, Hugo Chávez, e afirmou que com sua morte "desaparece uma das figuras mais influentes da história contemporânea da Venezuela".

FRANÇA

O presidente da França, François Hollande, declarou que o líder venezuelano Hugo Chávez "marcou profundamente a história do seu país".

"Apesar de ter um temperamento e orientações que nem todos apoiavam, Chávez expressava uma vontade inegável de lutar pela justiça e pelo desenvolvimento", disse o francês em comunicado oficial.

ALEMANHA

O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Guido Westerwelle, expressou as condolências do governo alemão à família do presidente venezuelano, e desejou o começo de uma nova era no país.

"A morte de Hugo Chávez representa uma profunda mudança para a Venezuela. Compartilhamos a dor da família do falecido e o luto do povo venezuelano", assinala um comunicado emitido pelo escritório do chefe da diplomacia alemã.

Na breve nota oficial, o ministro alemão acrescenta que "espero que a Venezuela, após os dias de luto, consiga iniciar uma nova era".

"A Venezuela tem um grande potencial, e a democracia e a liberdade são o caminho correto para realizar esse potencial", conclui o comunicado de Westerwelle.

BID

O presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Luis Alberto Moreno, também manifestou pesar pela morte do presidente venezuelano e elogiou-o como fomentador da integração.

"O presidente Chávez se caracterizou por sua profunda preocupação com os pobres, seu entusiasmo pela unidade latino-americana e caribenha e sua solidariedade com outras nações", afirmou Moreno, que é colombiano.

"O generoso apoio da Venezuela ao Haiti após o terremoto de 2010 é só um exemplo desse compromisso", disse Moreno, em comunicado. "Com sua morte a integração regional perde um de seus grandes impulsionadores."

OEA

O secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), José Miguel Insulza, mandou baixar as bandeiras do organismo a meio mastro, dizendo que o momento é "de grande dor para os venezuelanos".

"Acompanhamo-os com todos os povos da região", afirmou o chileno. "Estamos certos de que saberão se unir em um momento tão difícil com esse e transitar em paz e na democracia para o futuro."

BRASIL

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que recebeu "com muita tristeza" a morte do presidente venezuelano, Hugo Chávez, vítima de um câncer na região pélvica. "Tenho orgulho de ter convivido e trabalhado com ele pela integração da América Latina e por um mundo mais justo", afirmou Lula, em nota.

"Eu me solidarizo com o povo venezuelano, com os familiares e correligionários de Chávez, neste dia tão triste, mas tenho a confiança de que seu exemplo de amor à pátria e sua dedicação à causa dos menos favorecidos continuarão iluminando o futuro da Venezuela", completou.

Evaristo Sá - 26.mar.08/AFP
Nesta foto de 2008, Lula e Chávez visitam a refinaria Abreu e Lima, em Recife; Lula lamentou a morte do amigo e destacou seu legado
Nesta foto de 2008, Lula e Chávez visitam a refinaria Abreu e Lima, em Recife; Lula lamentou a morte do amigo

A uma plateia de trabalhadores rurais, a presidente Dilma Rousseff propôs um minuto de silêncio para homenagear Chávez, e afirmou que ele deixará um vazio "nos corações, na história e nas ruas da América Latina".

"Hoje lamentavelmente, infelizmente e com tristeza digo para vocês que morreu um grande latino americano: o presidente da Venezuela Hugo Chávez. Essa morte deve encher de tristeza todos os latino-americanos e os centro-americanos", disse Dilma durante discurso no 11º Congresso Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, em Brasília.

EUA

O presidente dos EUA, Barack Obama, emitiu um comunicado no qual afirmou que, com a morte de Chávez, a Venezuela "dá início a um novo capítulo". O líder do país contra o qual Chávez construiu a sua imagem política afirmou que mantém o seu "interesse em desenvolver um relacionamento construtivo com o governo venezuelano".

"Conforme a Venezuela dá início a um novo capítulo da sua história, os EUA permanecem comprometidos com políticas para promover princípios democráticos, o estado de direito e o respeito aos direitos humanos", continua.

Para a deputada cubano-americana Ileana Ros-Lehtinen, uma republicana ultraconservadora que até o ano passado dirigia a Comissão de Relações Exteriores, a morte de Chávez representa "o fim de uma tirania".

"Sua morte marca o fim desse governo tirânico, mas o caminho para a democracia para o povo Venezuelano ainda é incerto", afirmou Ros-Lehtinen, crítica ferrenha da relação de Chávez com o iraniano Mahmoud Ahmadinejad, em um longo comunicado à imprensa.

"Chávez [...] aprofundou os laços com outros déspotas do mundo, que aumentaram o medo e a instabilidade na região [...]. O povo venezuelano tem agora a chance de emergir desse regime opressivo e reconquistar a democracia e direitos humanos."

O Departamento de Estado dos EUA planeja emitir um comunicado ainda na terça. Os EUA eram o principal antagonista do líder venezuelano --ao menos em seus discursos, já que o comércio entre os dois países, com venda de petróleo venezuelano aos EUA, foi mantido.

As TVs americanas deram a notícia tão logo ela foi confirmada, e os canais de notícias passaram a dedicar o restante de sua programação a debates sobre a transição em Caracas. A exceção foi a conservadora FoxNews, que prosseguiu com a programação normal por mais de uma hora, apenas com o apresentador lembrando que "o ditador venezuelano continua morto", em alusão à longa doença de Chávez e as desconfianças anteriores sobre seu estado.

CUBA

O governo de Cuba anunciou nesta quarta-feira que fará na quinta (7) um dia de homenagem póstuma ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

Os eventos foram informadas pela imprensa local cubana e deverão acontecer entre 8h e 20h, em toda a ilha. Em Havana, os atos serão realizados no Memorial José Martí, na praça da Revolução, no centro da cidade.

Em editorial publicado nos jornais "Granma" e "Juventud Rebelde", o regime cubano agradece o apoio político de Hugo Chávez, expressou sua "eterna lealdade" à memória e legado de Chávez e o respaldo "irrestrito" a sua revolução bolivariana. Em sinal de luto, os dois jornais do país trocaram a cor vermelha nas capas pelo preto e branco.

EQUADOR

O governo do equatoriano Rafael Correa, aliado de Chávez, também destacou o trabalho do venezuelano, que estava no poder há 14 anos, e pediu ao povo que mantenha vivo seu legado.

Em comunicado divulgado pela Chancelaria, o Equador expressou ainda "seu profundo pesar pelo sensível falecimento" de Chávez, que classificou como "líder de um processo histórico na América".

MÉXICO

O presidente do México, Enrique Peña Nieto, usou sua conta no microblog Twitter para enviar suas "sentidas condolências" pela morte do mandatário venezuelano.

"Lamento o falecimento do presidente Hugo Chávez. Minhas mais sentidas condolências para sua família e para o povo venezuelano", disse Peña Nieto.

Seu antecessor, Felipe Calderón (2006-2012), também lamentou a perda. "Lamento a morte do presidente Hugo Chávez, de quem fui contemporâneo na Presidência da República. Descanse em paz".

Calderón fez desejos ainda de que a Venezuela "defina seu caminho pela via democrática". Chávez ocupava o cargo desde 1999 e e foi reeleito para o quarto mandato consecutivo no último mês de outubro. Com a doença, contudo, não conseguiu tomar posse na data marcada, o que gerou um debate sobre as saídas legais para a situação. O seu vice, Nicolás Maduro, governa o país desde a última internação de Chávez, que, segundo o governo, comandava tudo da cama do hospital.

CHILE

O presidente do Chile, Sebastián Piñera, se sensibilizou com a morte de Chávez dizendo que o mandatário foi um homem "profundamente comprometido com a integração da América Latina".

"Não há dúvida de que tínhamos diferenças, mas eu sempre soube apreciar a força e o compromisso com que o presidente Chávez lutava por seus ideais", disse o chileno.

Em pronunciamento no Palácio de La Moenda, o presidente chileno recordou a carta que Chávez enviou à cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que aconteceu em janeiro no Chile. De acordo com o chileno, o documento "hoje parece um testamento".

"Ele nos disse porque havia lutado pela integração da América Latina e também nos deixou sua visão de que nós teríamos que fazer isso daqui em diante", conclui Piñera.

ONU

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, foi o primeiro líder internacional a falar sobre a morte de Chávez e enviar condolências ao povo venezuelano.

"Queria dar condolências para as famílias e para o povo da Venezuela", disse Ban em um breve pronunciamento transmitido pela TV. O chefe da ONU afirmou ainda que vai enviar mais tarde um comunicado "formal" pela morte do presidente venezuelano.

PERU

O presidente do Peru, Ollanta Humala, também comentou a morte do colega na internet. Em seu Twitter, ele disse adeus ao "comandante e amigo". "Minhas sentidas condolências a sua família e a todo o povo venezuelano".

ARGENTINA

O vice-presidente argentino, Amado Boudou, também comentou a morte do líder venezuelano e expressou, em sua conta no microblog Twitter, a "grande dor de toda a toda América".

"Há grande dor em toda a América. Partiu um dos melhores. Até sempre, Comandante: Junto a Néstor [Kirchner, presidente argentino falecido] nos guiarão à vitória dos povos!", escreveu o vice de Cristina Kirchner.

De acordo com um post do chanceler da Argentina, Héctor Timerman, no Twttier, a presidente Cristina Kirchner viajará a Caracas para acompanhar o funeral de Chávez. A chefe de Estado, que não fez declarações públicas nem se manifestou nas redes sociais, sempre manteve uma forte aliança política e ideológica com o líder venezuelano.

Cristina Kirchner suspendeu na noite desta terça-feira uma cerimônia que seria realizada na Casa Rosada, sede do governo argentino, além de ter cancelado o encontro da próxima quinta-feira (7) com a presidente Dilma Rousseff, segundo fontes oficiais. Opositores de Cristina também manifestaram suas condolências pela morte de Chávez.

COLÔMBIA

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, lamentou a Morte de Chávez atribuindo ao venezuelano os avanços obtidos no processo de paz entre seu governo e as Farc (Forças Armadas Revolucionarias Colombianas).

"Graças a sua dedicação e compromisso sem limites" foi possível avançar "a um processo sólido de paz", disse Santos.

URUGUAI

O presidente do Uruguai, José Mujica, expressou sua dor pela morte de Hugo Chávez e mostrou confiança no "povo venezuelano", em seu governo e na "força da democracia no país".

"Sempre se senti a morte, mas quando se trata de um militante de primeira linha, de alguém que uma vez defini como 'o governante mais generoso que tinha conhecido', a dor tem outra dimensão", afirmou Mujica em um breve comunicado publicado no site da presidência uruguaia.

Segundo confirmaram fontes do governo uruguaia, Mujica viaja nesta quarta-feira à Venezuela para acompanhar o sepultamento de Chávez.

HONDURAS

O ex-presidente de Honduras Manuel Zelaya se juntou a lista de ex-líderes que lamentaram nesta terça-feira a morte do venezuelano, dizendo que o fato "põe toda a América Latina de luto".

Para Zelaya, o continente perdeu um "comandante de mil batalhas". "Hoje, Hugo Chávez se foi para o lugar dos homens que nunca morrem" e também disse que, com isso, "há uma dor profunda na América Latina".

"Sua imagem e seu nome perdurarão dentro de todos aqueles que lutarão pela liberdade", concluiu Zelaya.


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