Folha de S. Paulo


Israel se recusa a comentar morte de Hugo Chávez

O Ministério das Relações Exteriores de Israel evitou nesta quarta-feira fazer comentários sobre a morte do presidente venezuelano Hugo Chávez, dirigente que levou as relações com o Estado judeu a seu ponto mais baixo.

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"Não temos nenhuma avaliação sobre essa questão", disse à agência Efe o porta-voz das Relações Exteriores Yigal Palmor.

Em janeiro de 2009 o governo de Caracas rompeu relações diplomáticas com Israel, depois a operação israelense Chumbo Fundido contra a Faixa de Gaza, e pouco após ter expulsado o embaixador israelense desse país em Caracas.

O governo de Chávez foi muito crítico com Israel nos fóruns internacionais e pediu reiteradamente punições da ONU pelo descumprimento de resoluções do organismo e violação dos direitos do povo palestino.

Por sua vez, Israel acusou repetidamente a Venezuela de ter laços estreitos com o movimento islamita palestino Hamas, a milícia libanesa xiita Hezbollah e o Irã.

O vice-primeiro-ministro israelense, Moshé Yaalon, afirmou em 2011 que o Irã está criando uma "infraestrutura terrorista" na América Latina com a conivência da Venezuela para atentar contra os Estados Unidos, Israel e seus aliados.

O vice-ministro israelense das Relações Exteriores, Dani Ayalon, por sua vez, acusou Chávez de ter "transformado" seu país em uma "base avançada iraniana no continente" americano.

Em 2009, Chávez chamou publicamente de "louco", "malandro" e "ladrão" o então ministro de Relações Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, e disse que suas declarações sobre a suposta presença de células do Hezbollah na Venezuela eram uma estratégia para colaborar com supostos planos dos EUA de "invadir" a Venezuela

MORTE

Chávez morreu por volta das 16h25 locais (17h55 em Brasília), após três meses de internação em combate a um câncer na região pélvica. Em dezembro, ele foi submetido à quarta cirurgia contra a doença, mas sofreu uma infecção respiratória e não resistiu às complicações.

Segundo o chanceler venezuelano, Elías Jaua, o vice-presidente, Nicolás Maduro, seguirá no comando do país até a convocação de novas eleições, em 30 dias. O anúncio deve gerar polêmica, pois a Constituição determina a posse do presidente da Assembleia Nacional em caso de ausência total do presidente.

Desse modo, quem deveria assumir o cargo é Diosdado Cabello. Jaua disse também que Maduro deverá ser candidato às próximas eleições presidenciais, assim como Chávez desejou na última reunião de ministros que presidiu, no início de dezembro.

De acordo com a Constituição da Venezuela, como Chávez não tomou posse no dia 10 de janeiro, o presidente da Assembleia Nacional, o chavista Diosdado Cabello, deveria assumir a presidência e convocar novas eleições em 30 dias.


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