Folha de S. Paulo


Maduro pede união para manter legado de governo de Hugo Chávez

O vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu na madrugada desta quarta-feira que os venezuelanos se unam para manter o legado do governo de Hugo Chávez, que morreu na tarde de terça (5). Ele conduzirá o país pelos próximos 30 dias, quando deverão acontecer novas eleições.

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Chávez morreu por volta das 16h25 locais (17h55 em Brasília), após três meses de internação em combate a um câncer na região pélvica. Em dezembro, ele foi submetido à quarta cirurgia contra a doença, mas sofreu uma infecção respiratória e não resistiu às complicações.

Em pronunciamento na televisão estatal venezuelana, Maduro disse que só unido o chavismo pode garantir o futuro do país e considerou que nenhum dos líderes políticos do país vai se assemelhar a Chávez.

"Nenhum de nós é Chávez. Somos filhos dele, somos seus seguidores, mas todos juntos podemos chegar ao que ele significou para nossa vida. Só juntos podemos garantir o futuro dessa pátria".

O herdeiro político do mandatário afirmou que os aliados do presidente se sentem órfãos e com um "grande vazio que só será preenchido com a solidariedade e o acompanhamento coletivo".

Durante a noite e toda a madrugada, dezenas de milhares de venezuelanos foram às ruas em sinal de luto contra a morte do mandatário, após uma convocação de Maduro horas antes. A maioria dos aliados do líder bolivariano mostravam tristeza e choravam a morte do dirigente, que conduziu o país por 14 anos.

No pronunciamento da noite, o vice-presidente pediu que as comemorações seguissem em paz e que os manifestantes evitassem confrontos violentos. "Nessa imensa dor dessa tragédia histórica que afetou nossa pátria, chamamos nossos patriotas que sejam vigilantes da paz, do amor, do respeito e da tranquilidade".

ELEIÇÕES

Também na noite de terça, o chanceler venezuelano, Elías Jaua, anunciou que Maduro seguirá na presidência do país até a convocação de novas eleições, em 30 dias. O anúncio deve gerar polêmica, pois a Constituição determina a posse do presidente da Assembleia Nacional em caso de ausência total do presidente.

Desse modo, quem deveria assumir o cargo é Diosdado Cabello. Jaua disse também que Maduro deverá ser candidato às próximas eleições presidenciais, assim como Chávez desejou na última reunião de ministros que presidiu, no início de dezembro.

De acordo com a Constituição da Venezuela, como Chávez não tomou posse no dia 10 de janeiro, o presidente da Assembleia Nacional, o chavista Diosdado Cabello, deveria assumir a presidência e convocar novas eleições em 30 dias.

Reeleito em 7 de outubro de 2012, Chávez deveria ter se apresentado para a cerimônia de posse no Legislativo em 10 de janeiro, como determina a Constituição.

Em janeiro, enquanto Chávez estava internado em Cuba --e impossibilitado de tomar posse-- o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) autorizou que a cerimônia acontecesse posteriormente, no próprio organismo.

Se Chávez tivesse tomado posse, caberia a Maduro, de acordo com a Constituição, assumir a presidência e convocar novas eleições em até 30 dias.

Entretanto, uma vez que o TSJ avaliou que, ainda que sem posse, já há um novo mandato em vigor, pode haver uma manobra política para que Maduro assuma e convoque novas eleições.


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