Folha de S. Paulo


HRW critica Chávez por concentrar poder e atacar imprensa

A organização Human Rights Watch (HRW) criticou o legado "autoritário" que Hugo Chávez deixa na Venezuela após a sua morte e lamentou o que chamou de "aberta indiferença" do presidente pelos direitos humanos fundamentais.

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"A Presidência de Hugo Chávez foi marcada por uma alarmante concentração de poder e indiferença absoluta pelas garantias básicas de direitos humanos", afirmou a organização em um comunicado à imprensa, após a morte do venezuelano.

A HRW também criticou Chávez e seus partidários por "uma estratégia de concentração de poder" depois de sancionada uma nova Constituição em 1999 e também por realizarem um "breve golpe de Estado" em 2002.

"Tomaram o controle do Supremo Tribunal e enfraqueceram a imprensa, os defensores de direitos humanos e venezuelanos de exercerem seus direitos fundamentais", afirmou a organização.

A organização recordou que o principal aliado da Venezuela durante seu mandado foi Cuba, o único país da América Latina "onde se reprimem sistematicamente quase todas as formas de dissidência".

Além disso, também criticou Chávez por ter dado respaldo publicamente ao presidente sírio, Bashar Assad, ao ditador líbio, Muammar Gaddafi, e para o iraniano Mahmoud Ahmadinejad.

A organização ainda critica o fato de Chávez ter se posicionado contra as resoluções da Assembleia Geral da ONU que condenaram "práticas abusivas" de países como Coreia do Norte, Mianmar, Irã e Síria.

MÍDIA

O governo Chávez, segundo a organização, tentou justificar suas políticas de controle dos meios de comunicação como medidas necessárias para "democratizar" os canais de sinal aberto no país. "Em vez de fomentar o pluralismo, o governo abusou de seu poder regulatório para intimidar e censurar seus críticos."

A organização se referiu de modo especial a relação conflitiva de Chávez com a RCTV, o canal mais antigo do país, que em 2007 não teve sua licença renovada e enfrentou o confisco de suas antenas de transmissão "em um ato de discriminação política flagrante".

A HRW também recordou que o governo Chávez tentou impedir que organizações internacionais efetuassem testes de práticas de direitos humanos no país, incluindo a própria organização.

De acordo com a HRW, as autoridades venezuelanas procuraram desacreditar os defensores de direitos humanos acusando-os de receber propina do governo dos Estados Unidos para desestabilizar a democracia na Venezuela.

"Mesmo que algumas organizações têm recebido fundos de fontes americanas e europeias, não existem provas concretas de que a independência e integridade de seus trabalhos tenham sido comprometidos", avaliou a HRW.


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