Folha de S. Paulo


Governo brasileiro aposta na eleição de Maduro para suceder Chávez

Apesar de a morte de Hugo Chávez gerar dúvidas sobre o destino político da Venezuela, o governo brasileiro aposta na eleição do vice, Nicolás Maduro, para sucedê-lo.

A avaliação foi feita pela equipe da presidente Dilma Rousseff tão logo o Palácio do Planalto foi comunicado da morte do líder de esquerda.

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Para interlocutores presidenciais, uma esperada comoção nacional tende a fortalecer a campanha de Maduro à presidência, o que diluiria a força do oposicionista Henrique Capriles ao cargo, derrotado nas eleições gerais do ano passado.

Um alto assessor do governo brasileiro comparou o momento atual à morte do líder argentino Néstor Kirchner, em 2010. Àquela altura, a viúva Cristina Kirchner aprofundou sua imagem de herdeira política do marido, o que culminou com sua vitória ao comando da Casa Rosada no ano seguinte.

Em pronunciamento antes da cirurgia em dezembro do ano passado, Chávez pediu que os venezuelanos votassem em Maduro, caso ele não pudesse assumir a presidência.

Sem diploma universitário, Maduro dirigia os ônibus da frota pertencente ao metrô de Caracas nos anos 90, e foi líder sindical da categoria. Ministro das Relações Exteriores desde 2006, ele sempre foi um embaixador das ideias chavistas, incluindo críticas radicais ao cenário internacional a partir da ótica de Chávez.

Com a morte do líder venezuelano e o fato de ele não ter tomado posse, de acordo com a Constituição, o presidente da Assembleia Nacional, o chavista Diosdado Cabello deve assumir a presidência e convocar novas eleições em 30 dias.

Entretanto, uma vez que o Trbiunal Supremo de Justiça avaliou que, ainda que sem posse, já há um novo mandato em vigor, poderia haver uma manobra política para que Maduro assuma e convoque novas eleições.


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