Folha de S. Paulo


Kerry pediu garantias para dar armas a oposição síria moderada

O secretário de Estado americano, John Kerry, pediu nesta segunda-feira garantias à oposição moderada síria para fornecer armas aos insurgentes que combatem contra o regime de Bashar Assad. O americano exigiu que as armas não caiam em "mãos erradas".

Kerry fazia referência a grupos radicais islâmicos que estão infiltrados na oposição síria, como o Jabhat al Nusra, vinculado à rede terrorista Al Qaeda. Mesmo com a infiltração, a Coalizão da Oposição Síria pediu diversas vezes para ser armada.

AFP
Vídeo mostra a derrubada de estátua do ex-ditador da Síria, Hafez Assad, na cidade de Raqaa, no norte do país
Vídeo mostra a derrubada de estátua do ex-ditador da Síria, Hafez Assad, na cidade de Raqaa, no norte do país

"Não há garantias de que as armas não cheguem às mãos erradas, mas há uma disposição clara dentro da oposição síria para confirmar que as armas chegam aos opositores moderados", disse, em viagem à Arábia Saudita, uma das principais apoiadoras dos rebeldes.

Em encontro com o ministro das Relações Exteriores saudita, Saud al Faissal, o secretário disse ter interesse em fortalecer a oposição síria, mas permitir que o conflito se solucione por vias pacíficas. Se não for possível, ele afirmou que os Estados Unidos continuarão a pressionar Assad.

Para Kerry, o ditador "perdeu toda a legitimidade". Por sua vez, Faisal insistiu que Assad "perdeu o controle do país" e denunciou que alguns países estão armando o regime sírio, mas não especificou quais.

Nesse sentido, o ministro saudita pediu o embargo de armas ao regime de Assad, já que este as utiliza "para bombardear" a sua população.

Além do encontro com o chanceler saudita, o chefe da diplomacia americana se reuniu hoje com os ministros das Relações Exteriores dos países do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG), formado por Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Omã e Kuwait.

CONFRONTOS

Nesta segunda, o regime sírio anunciou uma grande ofensiva para tomar o controle da cidade de Homs, na região central do país, uma das mais conflagradas pelo conflito sírio. Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, há dezenas de mortos e feridos na ação.

Mais cedo, o jornal estatal "Al Watan" disse que rebeldes mataram 115 policiais e feriram 50 em uma batalha para tomar o controle da academia militar da Província de Aleppo, no norte do país, que terminou no domingo (3).

Ontem, o Observatório Sírio de Direitos Humanos disse que 120 soldados morreram na ofensiva. Enquanto isso, grupos rebeldes dizem que controlam a cidade de Raqaa, no norte do país, onde fazem intensos combates com o regime desde quinta (28).

Um vídeo publicado no site YouTube mostra homens derrubando uma estátua do ex-ditador Hafez Assad, pai do atual dirigente, Bassar Assad. As imagens não podem ser confirmadas de forma independente devido às restrições a jornalistas.

Desde o início dos confrontos, em março de 2011, mais de 70 mil pessoas morreram em confrontos na Síria, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas).


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