Folha de S. Paulo


Ditador sírio acusa EUA e Reino Unido de apoiar grupos terroristas

O ditador sírio, Bashar Assad, acusou os Estados Unidos e o Reino Unido de apoiar grupos terroristas ao entregar ajuda aos rebeldes sírios, em entrevista ao jornal britânico "The Sunday Times", publicada neste domingo.

Desde o início do conflito no país árabe, em março de 2011, Assad diz que é vítima de uma ofensiva de grupos terroristas, o que, segundo ele, justifica a repressão militar à oposição. Devido aos conflitos, que já duram mais de dois anos, mais de 70 mil pessoas morreram no país, segundo a ONU.

Na conversa com jornalistas, o ditador sírio criticou a posição de Londres em relação à Síria, chamada de "imatura, confusa e não realista" e disse que os britânicos desempenham um papel "não construtivo" no país há décadas.

Para o mandatário, a posição do Reino Unido é o principal motivo para que eles decidam ajudar os rebeldes e acusou Londres de entregar armas aos insurgentes. "Não esperávamos que um piromaníaco atuasse como bombeiro", disse.

Ele também condenou as ajudas aos rebeldes entregues por países como o Reino Unido e os Estados Unidos, chamando-as de "muito letais ao povo sírio". Na quinta (28), os americanos e outros países aliados à oposição entregaram US$ 80 milhões (R$ 158 milhões) em suprimentos aos insurgentes.

O governante voltou a dizer que não abandonará o poder ou os combates contra os rebeldes na Síria e ir ao exílio. "Nenhuma pessoa patriota pensaria em morar fora de seu país. Sou como qualquer outro sírio patriótico".

DIÁLOGO

Questionado sobre o diálogo com a oposição, Assad reiterou sua oferta de negociações de paz se os rebeldes deixam a luta armada. No entanto, disse que não vai negociar "com terroristas que estão decididos a usar armas para aterrorizar à população, matar civis, atacar lugares públicos ou privados e destruir o país".

"Temos uma oposição que são instituições políticas e temos terroristas armados. Podemos dialogar com a oposição, mas não podemos dialogar com terroristas. Lutamos contra o terrorismo", afirmou o líder sírio.

A declaração desmente os acenos de integrantes do regime à negociação com os rebeldes armados, como defendeu na semana passada o ministro das Relações Exteriores do país, Walid al Moualem. Os insurgentes recusaram a oferta, dizendo que só negociariam com a saída do ditador.

Assad disse que quem defende que a causa do conflito na Síria é o seu governo não tem noção do que acontece no país. "Se esse argumento fosse correto, os combates terminariam com a minha saída. Claramente isso é um absurdo, e os casos recentes de Líbia, Iêmen ou Egito mostram isso".

Os três países passam por uma onda de insurgência após a derrubada de ditadores, com disputas internas entre grupos moderados e radicais que, em alguns casos, são organizações terroristas vinculadas à rede Al Qaeda.


Endereço da página: