Folha de S. Paulo


Coalizão opositora diz que boicotará eleição ao Parlamento do Egito

A coalizão Frente de Salvação Nacional disse nesta terça-feira que boicotará a eleição ao Parlamento do Egito, prevista para 22 de abril, por considerá-la inconstitucional. Os rivais do presidente Mohamed Mursi não aceitam a Constituição aprovada em dezembro.

A decisão foi tomada por unanimidade. A ação era esperada, pois os adversários de Mursi também boicotaram a Assembleia que formou a nova Carta Magna e a votação final do texto por considerar que não eram completamente representados no Legislativo.

Em entrevista coletiva, o dirigente Sameh Ashur disse que a decisão foi tomada após uma reunião no Cairo. para ele, não há uma lei eleitoral justa e garantias de um poder judiciário independente e estável. O grupo também recusou uma convocação de diálogo, feita por Mursi na semana passada.

"Dizemos a Mursi que dialogue com ele mesmo e seu partido porque o povo não aceita o diálogo sobre os cadáveres dos mártires".

Ashur afirma que primeiro deve se chegar a uma reconciliação verdadeira e terminar o cerco às cidades do canal de Suez, que estão sob controle do Exército desde dias de rebelião em janeiro. A reunião de diálogo estava marcada para hoje.

O pleito deverá começar em abril e acontecerá em quatro etapas, que vão terminar em junho. As eleições definirão os novos parlamentares das duas casas do Legislativo --a Assembleia Nacional (Câmara baixa) e o Conselho da Shura (Câmara alta).

Mursi convocou a eleição no último sábado (23), causando irritação dos opositores, e fez um novo pedido de diálogo nacional, assim como nos últimos meses quando houve aumento dos protestos dos opositores. Em todas as ocasiões os pedidos do mandatário foram negados pela oposição.

Nas últimas semanas, os adversários pediram que Mursi mudasse de ideia e cancelasse as eleições para não submeter o país a um caos político. A principal coalizão opositora é liderada por Amr Moussa, ex-chefe da Liga Árabe, o Nobel da Paz Mohamed el Baradei, e o terceiro colocado na eleição presidencial, Hamadi Sabahi.

A Assembleia Nacional foi dissolvida em junho, pouco antes da vitória de Mursi na eleição presidencial do país, após decisão judicial que considerou a escolha dos parlamentares pouco plural. Dentre os deputados, os islâmicos aliados ao presidente formavam uma maioria de cerca de 70%.


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