Folha de S. Paulo


Após renúncia, primeiro-ministro da Tunísia descarta volta ao cargo

O primeiro-ministro da Tunísia, Hamadi Jabali, descartou nesta quinta-feira a oferta para continuar como chefe de governo, de acordo com seu partido, o Al Nahda. Ele anunciou sua renúncia e a dissolução do governo na última terça (19).

Jabali deixou o cargo após não obter consenso para formar um governo técnico, encarado por ele como solução para acabar com a crise política causada pela morte do líder opositor liberal Chukri Bel Aid, assassinado em 6 de fevereiro.

Fethi Belaid/AFP
Hamadi Jebali, em seu gabinete na terça; primeiro-ministro recusa convite para voltar ao cargo
Hamadi Jebali, em seu gabinete na terça; primeiro-ministro recusa convite para voltar ao cargo

Segundo a agremiação, ele pediu desculpas por não poder aceitar o convite. Apesar da renúncia, Jabali ainda é secretário-geral do Al Nahda e seria o candidato natural ao cargo. Segundo a agência de notícias TAP, o partido avalia uma lista de candidatos para substituí-lo, todos ministros do atual governo.

Os postulantes da lista da agência são os ministros da Justiça, Nourredine Bouheri; da Saúde, Abdelatif Mekki; da Agricultura, Mohammed Ben Salem; do Interior, Ali Larayedh; e dos Transportes, Abdelkarim Harouni.

Como estipula a Constituição, o presidente Moncef Marzouki deverá nomear o novo chefe de governo, que deverá pertencer ao partido majoritário no Parlamento, neste caso o Al Nahda. O substituto de Jabali terá 15 dias para escolher os novos ministros e outros integrantes do Executivo.

SUSPEITOS

Nesta quinta, o ministro do Interior, Ali Larayedh, anunciou a prisão de suspeitos da morte do líder opositor Chukri Bel Aid. A morte do adversário político foi o estopim para intensos protestos que culminaram na queda de Hamadi Jabali.

Não foram mencionados, no entanto, quantos suspeitos foram presos e suas nacionalidades. Bel Aid foi atingido por dois tiros, na cabeça e no peito, disparados a curta distância, ao sair de casa para ir ao trabalho. Os autores teriam fugido em uma moto.

O partido do opositor é o segundo agrupamento da coligação de esquerda "Frente Popular pelos objetivos da Revolução", dirigida por Hama Hamami, líder do Partido dos Operários Comunistas de Tunísia (POCT).

Após a aliança opositora liderada por Nidá Tunis, do ex-primeiro-ministro Beji Caid Essebsi, a Frente Popular é considerada como a segunda força da oposição. Eles acusam o governo de apoiar grupos salafistas (radicais islâmicos), que estariam por trás de atos de terrorismo e perseguição política aos liberais.

A Tunísia foi o primeiro país do norte da África a derrubar uma ditadura durante a chamada Primavera Árabe, em 2011. O ditador Zine El Abidine Ben Ali, que governou o país por 23 anos, foi deposto em janeiro de 2011, após revolta popular.


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