Folha de S. Paulo


Presidente da Tunísia se reunirá com partido para formar novo governo

O presidente da Tunísia, Moncef Marzuki, se reunirá nesta quarta-feira com o presidente do partido Al Nahda, Rachid Ganuchi, para tentar formar um novo governo no país após a renúncia do primeiro-ministro Hamadi Jabali, anunciada na terça (19).

Jabali renunciou após não conseguir consenso para a formação de um governo técnico, considerado por ele uma forma de tentar resolver a crise com a oposição, iniciada há duas semanas. No dia 6, o líder opositor Chukri Bel Aid foi morto em uma emboscada na saída de sua casa, em Túnis.

Segundo a Presidência, a reunião acontecerá na tarde desta quarta, no palácio presidencial. Como estipula a Constituição, é o chefe de Estado quem deve nomear o novo chefe de governo, que deverá pertencer ao partido majoritário no Parlamento, neste caso o Al Nahda.

O encontro com o presidente acontecerá após a agremiação governista fazer uma reunião para definir o substituto de Jabali, que perdeu o apoio do próprio partido após propor o governo técnico e sem vinculação política.

O partido desejava uma nova administração, mas que contivesse membros dos partidos majoritários e de cunho político. Mesmo com a renúncia e a falta de respaldo de seu partido, o ex-primeiro-ministro disse que poderia se candidatar de novo ao Executivo.

LÍDER OPOSITOR

A renúncia de Jabali aconteceu após tentar articular um governo técnico, em meio à crise política provocada pela morte do líder opositor Chukri Bel Aid, no dia 6. Durante cinco dias, adversários do governo protestaram em Túnis e outras cidades do país.

Bel Aid foi atingido por dois tiros, na cabeça e no peito, disparados a curta distância, ao sair de casa para ir ao trabalho. Os autores teriam fugido em uma moto.

O partido do opositor é o segundo agrupamento da coligação de esquerda "Frente Popular pelos objetivos da Revolução", dirigida por Hama Hamami, líder do Partido dos Operários Comunistas de Tunísia (POCT).

Após a aliança opositora liderada por Nidá Tunis, do ex-primeiro-ministro Beji Caid Essebsi, a Frente Popular é considerada como a segunda força da oposição. Eles acusam o governo de apoiar grupos salafistas (radicais islâmicos), que estariam por trás de atos de terrorismo e perseguição política aos liberais.

A Tunísia foi o primeiro país do norte da África a derrubar uma ditadura durante a chamada Primavera Árabe, em 2011. O ditador Zine El Abidine Ben Ali, que governou o país por 23 anos, foi deposto em janeiro de 2011, após revolta popular.


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