Folha de S. Paulo


Vaticano quer evitar demora na escolha do novo papa

Os três homens que terão as principais responsabilidades ou no conclave que elegerá o novo papa ou na sua preparação começaram a trabalhar para reduzir o número de "papabili" --hoje, todas as listas têm entre 20 e 25 candidatos-- de forma a evitar que a votação propriamente dita demore demais.

É essa hoje a grande preocupação no Vaticano. Comenta por exemplo Paolo Mastrolilli, no blog "Vatican Insider", do jornal "La Stampa", geralmente bem informado sobre a política da igreja: "um conclave longo, que acabe por chamar a atenção sobre a divisão da igreja, é a preocupação que começa a circular em ambientes próximos da Cúria, enquanto os cardeais já deram início aos contatos entre eles para chegar a uma solução o mais depressa possível".

Os cardeais em ação, que o jornal "Il Messaggero" chama de "king makers" (fazedores de reis, no caso de papa), são, no entanto, rivais entre si. Um é o camerlengo Tarcisio Bertone, segundo homem na hierarquia. Seu antecessor, Angelo Sodano, agora decano do Colégio Cardinalício, viu seus homens serem todos afastados por Bertone.

O terceiro, menos visível, é Giovanni Battista Re, 79, prefeito emérito da Congregação para os Bispos e responsável pela celebração da homilia na missa "Pro Eligendo Pontifice", que antecede o conclave. Na eleição anterior, coube ao cardeal Joseph Ratzinger fazer a celebração. Foi eleito papa dois dias depois.

Re diverge dos outros dois, ambos conservadores, por ser considerado ultra-liberal.

O teólogo Fernando Altemeyer Júnior, professor da PUC-SP, não vê razões para temer que a fumaça branca que anuncia a eleição demore a sair das chaminés do Vaticano: "Parece que os cardeais querem ter um nome e um rosto para antes da Páscoa, afinal é a festa central da Igreja. Seria estranho ficar sem papa na festa da Ressurreição [no dia 31]. Ou seja, até 23 de março teremos notícias e fumaça branca".

Por enquanto, no entanto, não há notícia nem sobre a data de início do conclave quanto mais sobre seu término. A Constituição vaticana diz que são os cardeais eleitores, reunidos na chamada Congregação Geral, que estabelecem dia e hora para o início da votação. E a Congregação Geral só se inicia no dia 1º.


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