Folha de S. Paulo


Sem consenso para formar governo, premiê da Tunísia renuncia

O primeiro-ministro da Tunísia, Hamadi Jabali, apresentou sua renúncia nesta terça-feira ao presidente do país, Moncef Marzuki. A saída acontece dias após ele propor um governo tecnocrata para lidar com a crise política causa pela morte de um dirigente opositor.

Jabali apresentou o projeto no dia 6, mas reconheceu na segunda (18) que não conseguiu o apoio dos partidos políticos. Ele havia dito que colocaria seu cargo à disposição se não conseguisse consenso entre as agremiações.

Fethi Belaid/AFP
Hamadi Jebali, em seu gabinete nesta terça; primeiro-ministro renuncia ao cargo após falta de acordo
Hamadi Jebali, em seu gabinete nesta terça; primeiro-ministro renuncia ao cargo após falta de acordo

A proposta não só foi negada por outras agremiações políticas, mas por seu próprio partido, o Al Nahda, que considerava necessária a presença de políticos na composição da nova administração. No sábado (16), o partido islâmico convocou um protesto defendendo um governo político de união nacional.

O chefe de governo mostrou a proposta como uma forma de acalmar os ânimos da oposição, abalada pela morte de um de seus líderes, Chukri Bel Aid. O adversário político morreu em um ataque em sua casa, na capital Túnis, horas depois de criticar o governo por não reprimir radicais islâmicos.

PROTESTOS

A morte de Bel Aid provocou uma série de protestos na capital, Túnis, e em outras cidades do país. Pelo menos mil pessoas participaram de um ato no bairro de Sidi Bouzid, onde começaram os protestos pela queda do ditador Zine El Abidine Ben Ali, em 2011.

Testemunhas dizem que a polícia disparou tiros para o alto e gás lacrimogêneo para dispersar as pessoas. Ainda na capital, as forças de segurança tiveram que dispersar manifestantes que estavam em frente à sede do Ministério do Interior.

Bel Aid foi atingido por dois tiros, na cabeça e no peito, disparados a curta distância, ao sair de casa para ir ao trabalho. Os autores teriam fugido em uma moto.

O partido de opositor é o segundo agrupamento da coligação de esquerda "Frente Popular pelos objetivos da Revolução", dirigida por Hama Hamami, líder do Partido dos Operários Comunistas de Tunísia (POCT).

Após a aliança opositora liderada por Nidá Tunis, do ex-primeiro-ministro Beji Caid Essebsi, a Frente Popular é considerada como a segunda força da oposição.


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