Folha de S. Paulo


Milhares realizam manifestações antigoverno no Iraque

Milhares se manifestaram novamente, nesta sexta-feira, nas regiões de maioria sunita do Iraque para exigir a partida do governo de Nuri al Maliki, num momento em que a crise se agrava e que é registrado um aumento da violência, a apenas dois meses das eleições provinciais.

Os manifestantes, principalmente sunitas, protestam desde o fim de dezembro passado, principalmente contra sua marginalização.

Os protestos começaram nesta sexta-feira após as orações semanais nas cidades de Mossul, Samarra, Kirkuk, Baquba, Ramadi e Faluja, ao norte de Bagdá, assim como nos setores de maioria sunita da capital, em meio a um forte esquema de segurança, já que as autoridades temiam ataques.

Mohanned Faisal/Reuters
Iraquianos sunitas participam de protesto antigoverno na cidade de Faluja
Iraquianos sunitas participam de protesto antigoverno na cidade de Faluja

O imã que dirigiu a reza em Faluja (Província de Al Anbar), xeque Hassan Suheil al Yamili, pediu para que os manifestantes tenham paciência e permaneçam firmes em suas reivindicações. "Eles [o governo] apostam em sua fraqueza. Acaso vocês se sentem derrotados? Que o mundo ouça que nós continuamos firmes", disse.

Na terça-feira, o Ministério do Interior rejeitou autorizar a realização de uma grande manifestação e de uma reza unificada em Bagdá --das quais participariam centenas de milhares de sunitas do norte e oeste do país-- por motivos de segurança. Para impedir a chegada de sunitas, autoridades fecharam as estradas e os acessos que conduzem a Bagdá, e reforçaram as medidas em torno das sedes do governo e o Parlamento.

Ontem, o porta-voz dos manifestantes de Al Anbar, xeque Said al Lami, anunciou o cancelamento da reza em Bagdá, mas destacou que "veem-se sinais de vitória no horizonte depois que o governo ficou assustado com o estrondoso grito da manifestação do sexta-feira passada".

Maliki, surgido da maioria xiita, está no centro de um amplo movimento de protestos, depois da prisão, no fim de dezembro, de seguranças de um ministro sunita.

Além da renúncia, os sunitas, que se acham "marginalizados", exigem a libertação de prisioneiros injustamente detidos e a anulação de leis antiterroristas.

O premiê, consciente da magnitude deste movimento, designou uma comissão para responder às críticas dos manifestantes, e fez libertar 3.000 prisioneiros, nas últimas semanas.


Endereço da página: