Folha de S. Paulo


Autoridades do BCE descartam ter câmbio como alvo de cúpula do G20

O presidente do Banco Central Europeu (BCE) e duas autoridades alemãs de política monetária rejeitaram nesta sexta-feira a pressão política sobre o rumo da taxa de câmbio do euro antes da reunião de ministros das Finanças do G20.

Falando antes da reunião em Moscou, o presidente do BCE, Mario Draghi, disse que as discussões recentes sobre moedas era "inapropriada, infrutífera e autodestrutiva".

"Todo esse debate que tem sido realizado nas últimas semanas é inadequado ou infrutífero. Em todos os casos, é autodestrutivo", disse Draghi, em entrevista coletiva após reunião com autoridades do banco central russo.

Draghi havia dito na quinta-feira que o BCE iria monitorar o impacto econômico do fortalecimento do euro, alimentando as expectativas de que isso poderia abrir a porta para um corte da taxa de juros.

"O mandato do BCE é perseguir a estabilidade de preços em ambas as direções a médio prazo", disse. "A taxa de câmbio não é uma meta política, mas a taxa de câmbio é importante para o crescimento e estabilidade de preços", acrescentou.

A inflação na zona do euro caiu para o menor nível em dois anos, a 2% em janeiro --próximo da meta do BCE de levemente abaixo de 2%.

O presidente do Bundesbank, banco central alemão, Jens Weidmann, uma voz forte no Conselho de Administração do BCE, disse acreditar que o euro não está sobrevalorizado e que o BCE não irá mudar a política monetária com base apenas no impacto sobre a inflação.

PRESSÃO

Mas ambos Weidmann e Joerg Asmussen, integrante alemão do Conselho Executivo do BCE, que forma o núcleo do Conselho da autoridade monetária, disseram que a instituição não terá como alvo a taxa de câmbio.

"Eu não acho que Mario Draghi estava tentando levar o euro para cima ou para baixo", disse Weidmann sobre comentários do presidente na última quinta-feira, acrescentando que o banco central "vai abster-se de manipular ou diretamente colocar a taxa de câmbio como um alvo."

Asmussen disse o seguinte à rádio alemã Deutschlandfunk: "Nos últimos dias, o G7 mais industrializadas deixou claro que a taxa de câmbio deve ser estabelecida pelo mercado e que não temos meta para ela, e isso vale para nós do BCE também."


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