Rupert Murdoch, chairman e CEO da News Corp., criticou ontem em um tuíte o artista britânico Gerald Scarfe por uma caricatura premiê israelense Binyamin Netanyahu que ele chamou de "grotesca" e "ofensiva".
A ilustração, publicada no "Sunday Times", parte do império midiático de Murdoch, mostra Netanyahu construindo um muro com cadáveres de palestinos.
Também fazia parte da News Corp. o "News of the World", fechado em 2011 após investigações de suas controversas práticas jornalísticas.
O embaixador de Israel em Londres afirmou, nesta segunda-feira, que o governo pedirá que o "Sunday Times" se desculpe pela ilustração de domingo.
A ilustração, do premiado britânico Gerald Scarfe, consagrado pela animação de "The Wall", tem como legenda "eleições israelenses: a paz vai continuar a ser cimentada?"
"O jornal tem de se desculpar por isso", disse Daniel Taulb ao "Times of Israel". Ele afirma que o desenho usa "temas clássicos antissemitas".
Em Israel, Yuli Edelstein, ministro de Diplomacia Pública e Assuntos de Diáspora, afirmou a uma estação de rádio que o governo pensará "em como agir contra o representante do jornal" no país.
O "Sunday Times", porém, afirma que o desenho era uma crítica às políticas do premiê, e não ao povo judeu ou ao Estado de Israel.
Israelenses também defenderam a ilustração. De acordo com Anshel Pfeffer, correspondente do jornal israelense "Haaretz", o desenho "não é antissemita por nenhum critério", já que não é direcionado a judeus nem retrata símbolos judeus tradicionais.
O renomado caricaturista israelense Nusko defendeu o colega britânico, notando que "ele não nasceu ontem" e que é famoso pelas críticas azedas a políticos, e não só contra israelenses. "Se você olhar para as outras caricaturas, [Netanyahu] se deu bem", disse.
As ilustrações que Scarfe fez da britânica Margaret Thatcher nos anos 1980, retratando-a com traços angulosos, tornaram-se tão famosos que, em 2011, um dinossauro foi batizado em sua homenagem: Cuspicephalus scarfi.
À Folha, na ocasião, Scarfe havia feito a apologia de seu método. "Não gosto de encontrar políticos. Eles são as minhas vítimas. Evito apertar suas mãos para poder ter liberdade completa de desenhar."