Folha de S. Paulo


Agência diz que restam 30 estrangeiros em campo de gás na Argélia

A agência oficial de notícias APS informou nesta sexta-feira que 30 reféns estrangeiros continuam dentro do campo de gás de In Amenas, no sul do país, que foi sitiado na quarta (16) por radicais islâmicos.

Não se sabe se eles estão vivos ou mortos.

Após sequestro, radicais islâmicos prometem mais ataques na Argélia
EUA, Reino Unido e França dizem que sequestro na Argélia continua
Agência de notícias na Mauritânia fica famosa com caso
Análise: País é acusado de jogo duplo no enfrentamento do terrorismo

Os reféns retidos fazem parte de um grupo de 132 estrangeiros e cerca de 600 argelinos que ficaram presos dentro do alojamento e da usina de gás, no meio do deserto do Saara. As instalações pertencem a um consórcio composto pela britânica BP, a a norueguesa Statoil e a argelina Sonatrach.

Uma fonte ouvida pela agência de notícias Reuters diz que o destino dos outros ainda não é claro, mas que a situação está mudando rapidamente e que o sequestro deverá ser resolvido nas próximas horas.

Mais cedo, a televisão estatal argelina mostrou as primeiras imagens dos funcionários libertados. A maioria dos que foram soltos são argelinos, que disseram à imprensa local e francesa que os rebeldes pediram para que eles se separassem dos estrangeiros.

As autoridades locais afirmam que a operação para libertar o resto dos reféns continua, mas os agentes agora usam as negociações com os militantes restantes para conseguir a soltura. A APS informa que 18 dos 30 terroristas que estavam na usina foram mortos.

Os números apresentados pela agência da Argélia são maiores que os mencionados pelos sequestradores. Os terroristas dizem que sequestraram 41 estrangeiros e 150 argelinos e que 35 funcionários internacionais teriam morrido no ataque de quinta (17).

TROCA

Nesta sexta, a agência de notícias ANI, da Mauritânia, informou que os rebeldes exigiram uma troca de dois reféns americanos pela liberação do egípcio Sheikh Omar Abdel-Rahman e do paquistanês Aafia Siddiqui, presos nos Estados Unidos e condenados por terrorismo.

O egípcio foi condenado por ser um dos líderes da explosão no World Trade Center, em Nova York, no atentado de 1993, que deixou seis mortos.

Em vídeo, Mokhtar Belmokhtar, líder do grupo Batalhão de Sangue, diz que oferece trocas similares à França e à Argélia para negociar o fim para a guerra no norte do Mali. A agência da Mauritânia é a única que recebe informações dos rebeldes. A autenticidade do vídeo não pôde ser verificada.

Os rebeldes dizem que a ação é uma represália contra a intervenção francesa no Mali, cujo norte está dominado há seis meses por radicais islâmicos. No entanto, o Ministério de Relações Exteriores da França disse duvidar que a ação tenha sido planejada após o envio de tropas, há uma semana.

Em comunicado, a Chancelaria disse que seria necessária uma longa preparação para fazer um ataque com esse. No entanto, disse que ainda é muito cedo para tirar conclusões com as informações que dispõe. Paris ainda considera a situação confusa.

O sequestro gerou a preocupação de países como Estados Unidos, Reino Unido, França e Japão, que estão entre os Estados com maior número de reféns no local, além dos argelinos. Washington e Londres ainda criticaram o governo local pela falta de informações precisas.

Danilo Bandeira/Editoria de arte/Folhapress

Endereço da página:

Links no texto: