Folha de S. Paulo


CVM exige suspensão de oferta de investimento para minerar bitcoin

Dado Ruvic/Reuters
CVM suspende empresa que fazia oferta de investimento em mineração de bitcoin
CVM suspende empresa que fazia oferta de investimento em mineração de bitcoin

Mesmo sem lançar uma regra que estabeleça parâmetros para a negociação de bitcoins, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), regulador do mercado de capitais, já começa a colocar limites para tentar conter um pouco da euforia gerada em torno da criptomoeda.

Nesta terça (19), a autarquia emitiu um alerta contra uma empresa que convocava interessados em comprar cotas de investimento para financiar a mineração de bitcoins. A mineração é o processo pelo qual as criptomoedas são geradas.

A companhia, de Andre Luis Paulo Tomasi Vshivtsev, fazia a oferta por meio do site Hashcoin Brasil. O problema identificado pela autarquia não diz respeito à criptomoeda, diz Fábio Pacileo Costa, do Rolim de Mello Sociedade de Advogados.

Pelas regras da CVM, qualquer oferta pública no mercado de capitais deve ser submetida à autarquia, embora a operação em si possa ser dispensada de registro.

"A CVM entendeu que a empresa do Andre Luis não fez pedido de registro, que é regido pela instrução CVM 400 [das ofertas públicas]. Ela é taxativa quanto à necessidade de registro", afirma.

Ele também poderia ter recorrido a uma instrução das CVM que disciplina o investimento em "equity crowdfunding" -modalidade de financiamento coletivo em que o investidor compra ações para apoiar as atividades da companhia. "Como nada disso foi observado, a CVM decidiu intervir e mostrar que, para fazer uma atividade como essa, é preciso receber o aval da autarquia", diz.

No site, a empresa, de Bento Gonçalves (RS), diz que, ao comprar uma cota, o investidor "passa a receber bitcoins diariamente provenientes da mineração correspondente ao poder de processamento de suas cotas".
Afirma ainda que está "buscando através do meios legais" a regulamentação do "modelo de oferta para voltar com a normalidade de nossas operações de venda".

VAIVÉM

A demanda por bitcoins tem ganhado força nos últimos meses, na esteira da valorização de 1.630% da criptomoeda no ano.

Nos dois últimos dias, o bitcoin teve desvalorização de mais de 10%, afetado pela notícia de que uma corretora sul-coreana que fazia a intermediação da moeda pediu falência após sofrer o segundo ataque hacker neste ano -há suspeita de envolvimento da Coreia do Norte na ação.

A informação gerou preocupação sobre a segurança na negociação do bitcoin.

A corretora, Youbit, foi invadida em abril, quando cerca de 4.000 bitcoins foram roubados em um ciberataque. Na ação desta terça, a companhia afirmou que a perda atingiria 17% de seus ativos totais.

Até agora, nem CVM nem Banco Central emitiram qualquer regulação sobre o bitcoin. Recentemente, o presidente do BC, Ilan Goldfajn, declarou que o risco de bolha de moedas virtuais, como o bitcoin, é elevado e que essa ameaça é comparável às dos esquemas de pirâmide. Segundo ele, essas divisas são usadas como "instrumentos de atividades ilícitas".


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