Folha de S. Paulo


Bolsa fecha com queda de 0,6% por preocupação fiscal; dólar recua

Carolina Antunes/Xinhua
Ministro Ricardo Lewandowski (esq.) e presidente Michel Temer: reajuste preocupa investidores
Ministro Ricardo Lewandowski (esq.) e presidente Michel Temer: reajuste preocupa investidores

A decisão do ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal), de manter o reajuste dos servidores pressionou em baixa o mercado financeiro brasileiro nesta terça (19), em dia negativo para as principais Bolsas mundiais. No mercado cambial, o dólar fechou quase estável.

O Ibovespa, índice das ações mais negociadas, fechou em queda de 0,60%, para 72.680 pontos. O volume financeiro foi de R$ 6,7 bilhões –quase metade da média diária de dezembro, que está em R$ 11,5 milhões.

O dólar comercial teve leve queda de 0,03%, para R$ 3,298. O dólar à vista, que fecha mais cedo, se valorizou 0,16%, também a R$ 3,298.

A situação fiscal do país voltou a preocupar os investidores nesta sessão, depois que Lewandowski suspendeu, na segunda (18), medida provisória que cancelava o aumento salarial dos servidores federais e determinava o aumento da alíquota da contribuição previdenciária dos funcionários públicos de 11% para 14%.

Se mantida, a decisão terá impacto de R$ 6,6 bilhões para os cofres públicos. A previsão do governo era de uma economia de R$ 4,4 bilhões com a postergação do reajuste para 2019 e um aumento da arrecadação previdenciária em R$ 2,2 bilhões.

Em resposta, o governo anunciou que vai cortar o Orçamento de 2018, ao considerar que a decisão contribuiu para a frustração de receitas e consequente necessidade de cortes.

Nos Estados Unidos, a Câmara dos Deputados, controlada pelos republicanos, aprovou uma abrangente legislação tributária nesta terça-feira, enviando a versão final da lei ao Senado, onde os congressistas devem votar nesta noite ainda.

A primeira revisão do sistema tributário dos EUA em mais de 30 anos pode ser sancionada em lei pelo presidente Donald Trump já na quarta-feira (20), se ambas as Casas do Congresso aprovarem o texto.

A proposta reduz os impostos pagos por empresas de 35% para 21%, o que, na avaliação de investidores, pode impulsionar o lucro das companhias e aumentar a compra de ações e elevar o pagamento de dividendos.

Os indicadores americanos devolveram nesta sessão parte do ganho obtido com a perspectiva de aprovação do texto. Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq fecharam em baixa. Na Europa, os índices também recuaram. O DAX, de Frankfurt, caiu 0,72%. O CAC-40, de Paris, teve baixa de 0,69%. O Ibex-35, de Madri, se desvalorizou 0,10%. Na contramão, Londres subiu 0,09%.

AÇÕES

Das 59 ações do Ibovespa, 14 subiram, 44 caíram e uma se manteve estável.

As ações da Smiles lideraram as quedas no Ibovespa, ao recuarem 3,83%. Os papéis da Qualicorp perderam 3,72%, e a Taesa teve baixa de 3,18%.

Entre as maiores altas, as ações da Natura subiram 1,83%. A Embraer teve avanço de 1,66%, e a Gerdau se valorizou 1,09%.

As ações da BR Distribuidora, que estrearam na Bolsa na última sexta (15), recuaram 0,62%, após duas altas, e fecharam a R$ 15,95.

Os papéis do Burger King, que começaram a ser negociados na segunda, caíram 2,66%, depois de uma queda de 1,94% na sessão anterior.

A Petrobras teve baixa, contagiada pelo mau humor dos investidores. O dia, porém, foi de alta para os preços do petróleo, impulsionada pelo fechamento de um oleoduto no Mar do Norte, pela restrição de produção liderada pela Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e pelas expectativas de que os estoques de petróleo dos Estados Unidos vão diminuir pela quinta semana.

As ações mais negociadas da estatal caíram 0,53%, para R$ 15,14. Os papéis com direito a voto da Petrobras tiveram baixa de 0,51%, para R$ 15,76.

A mineradora Vale viu suas ações subirem 0,03%, para R$ 37,85.

No setor financeiro, as ações do Itaú Unibanco perderam 0,56%. As ações preferenciais do Bradesco tiveram baixa de 0,64%, e as ordinárias caíram 0,92%. O Banco do Brasil teve desvalorização de 0,58%. As units –conjunto de ações– do Santander Brasil recuaram 2,05%.

DÓLAR

No mercado cambial, o dólar perdeu força ante 16 das 31 principais moedas do mundo.

Dando sequência às suas intervenções no mercado cambial, o Banco Central vendeu 14 mil contratos de swaps cambiais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro), rolando os que têm vencimento em janeiro. Até agora, a autoridade monetária rolou US$ 9,1 bilhões dos US$ 9,638 bilhões que vencem no mês que vem.

A autoridade também fez seu terceiro leilão de linha, que consiste na venda de dólares com compromisso de recompra. O BC vendeu os US$ 2 bilhões que ofereceu.

O CDS (Credit Default Swap, espécie de seguro contra calote) do Brasil fechou em queda de 0,41%, para 164 pontos.

No mercado de juros futuros, os contratos fecharam sem uma direção definida. O contrato com vencimento para janeiro de 2018 subiu de 6,893% para 6,899%. Já o contrato para janeiro de 2019 ficou estável em 6,920%.


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