Folha de S. Paulo


Atletas amadores fazem movimento de clínicas de fisioterapia aumentar

O crescimento no número de corredores amadores está alavancando o faturamento de clínicas de fisioterapia e até de profissionais autônomos da área de saúde.

Segundo alguns estabelecimentos médicos da capital ouvidos pela reportagem, o volume de clientes cresceu até 50% no último ano. Antes procurados na maioria por corredores mais experientes, agora esses espaços também são buscados por quem dá os primeiros passos na corrida e quer evitar lesões comuns aos principiantes.

Segundo a CNS (Confederação Nacional de Saúde), há 20.916 estabelecimentos que oferecem serviços de fisioterapia no país.

Pesquisa realizada recentemente pelo Ministério do Esporte mostra que 60% da população que se declara ativa esportivamente é praticante de caminhada ou corrida. De olho nesse público, as clínicas buscam atrativos.

Eduardo Anizelli/Folhapress
.Sibylle Muller, da AcquaBrasilis, em empreendimento com sistema de reúso, em São Paulo
O consultor de recursos humanos Daniel Carmona, 31, no Minhocão, em São Paulo

A clínica de medicina esportiva CareClub, por exemplo, oferece de massagem desportiva para melhorar a circulação, passando por serviços de nutrição, dermatologia até fisioterapia. Há planos personalizados que cobrem as demandas mais frequentes de um atleta com uma equipe multidisciplinar. O local atende cerca de 2.700 pessoas por mês, em duas unidades em São Paulo, com 70 profissionais de diversas áreas da saúde. Lá, o volume de atendimentos cresceu 49% no acumulado do ano.

"Há mais pacientes tomando gosto pela corrida de rua. As pessoas estão mais conscientes da importância do exercício físico", diz Guilherme Dilda, que trabalha no local e é formado em medicina do esporte pelo Hospital das Clínicas da FMUSP.

O Instituto Vita, com cinco clínicas na capital e 200 profissionais, atende cerca de 2.000 pessoas todo mês. O movimento de pacientes ali saltou 16% neste ano.

Um dos diferenciais da clínica é o Laboratório de Performance do Movimento, capaz de fazer uma avaliação 3D dos corredores para diagnosticar e prevenir lesões relacionadas ao movimento.

Segundo a fisioterapeuta Andreia Miana, do Instituto Vita, ainda há muitos que só buscam a clínica depois de se machucar. "A maioria dos corredores é ansiosa pra voltar a correr. Se fizessem um trabalho de prevenção, estariam mais preparados e evitariam lesões", afirma.

Os principais problemas enfrentados pelos corredores iniciantes são a síndrome da banda iliotibial (dor na região lateral do joelho), síndrome patelofemoral (dor ao redor do joelho por atrito da patela sobre o fêmur), "canelite" (dor na tíbia), estiramentos musculares e fasciíte plantar (inflamação de um tecido fibroso que gera dor em agulhada na sola do pé).

Mesmo sabendo de todos os riscos, o prazer de correr ao ar livre conquistou Daniel Carmona, 31, consultor de recursos humanos. "Corredor amador de elite", como se define, Daniel pratica desde 2010. Hoje, corre até 120 quilômetros por semana e já fez cinco maratonas neste ano.

Para garantir seu fortalecimento muscular, o consultor recorre ao acompanhamento permanente de uma nutricionista e a trabalhos esporádicos com fisioterapeuta. Mesmo assim, em agosto sofreu uma distensão na perna e ficou seis semanas sem correr. "Para um corredor, esse tempo de parada é terrível. O trabalho de recuperação com acompanhamento foi fundamental para voltar bem", diz ele, que gastou R$ 2.000 com o tratamento de emergência.


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