Folha de S. Paulo


Negociações se frustram e acordo entre UE e Mercosul fica para 2018

O acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia não deve ser fechado este ano, afirmam fontes próximas às negociações. Estima-se que ele seja anunciado apenas nas primeiras semanas ou meses de 2018.

O adiamento frustrou principalmente os governos da Argentina e do Brasil. Os presidentes Mauricio Macri e Michel Temer pretendiam anunciá-lo durante a reunião da OMC em Buenos Aires ou na próxima cúpula do Mercosul, em Brasília, no próximo dia 21.

Um dos entreves foi o alcance de 90% do fluxo comercial entre as regiões no acordo, como queria Bruxelas. O valor é acima do que o Mercosul havia proposto, entre 87% e 89%.

Nesta terça-feira (12), os membros do Mercosul cederam e entregaram uma nova versão da proposta atendendo a meta pedida pela União Europeia. Entre os itens incluídos na proposta estão o uísque, que afeta o Paraguai, grande produtor, e o azeite de oliva, cedido pela Argentina.

Mesmo após a concessão, os europeus não consideram possível dar uma resposta agora, pois o tempo seria muito curto para avaliar as novas condições e produtos.

.O ministro da Relações Exteriores, Aloysio Nunes, disse que a nova proposta havia sido pedida "há algumas semanas, em Bruxelas, e faltavam alguns elementos para completar a lista."

Indagado sobre a data em que o acordo poderia ficar pronto, Aloysio indicou que a bola agora está com a União Europeia. "Estamos esperando a reação deles, que estudem a proposta que apresentamos e verifiquem se é possível concluir essa parte mais difícil da negociação."

Alguns integrantes do governo brasileiro haviam mencionado o próximo dia 21 como uma possibilidade para o anúncio do acordo. Os do governo argentino almejavam fazê-lo ainda durante o encontro da OMC, que vai até quarta-feira (13).

"Pedimos à União Europeia que nos propusesse um programa de trabalho para que pudéssemos concluir o mais cedo possível, mas ainda há trabalho a ser feito, sobretudo do lado deles", disse Nunes.

O chanceler disse que notou boa vontade do outro lado. "Eles nos garantiram que vão estudar com uma visão muito positiva aquilo que nós propusemos. Mas eles, evidentemente, tem um mecanismo mais complexo de consulta e vamos ter de esperar isso."


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