A MRV Engenharia, principal construtora do país no segmento Minha Casa Minha Vida, vai retomar os lançamentos voltados à média renda, com imóveis entre R$ 200 mil e R$ 350 mil.
A chamada linha "premium" chegou a representar 26% das vendas da empresa em 2010, mas, com o desempenho ruim da poupança —que fechou 2015 e 2016 com captação negativa— e a Selic (taxa básica de juros) chegando a 14,25% ao ano no período, a participação da categoria foi caindo gradativamente, até atingir 5% em 2016 e 3% neste ano.
A perspectiva de um cenário macroeconômico melhor para 2018, no entendimento da MRV, sinaliza que há espaço para voltar ao segmento e ampliar as vendas pelo SPBE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo).
A empresa cita como fatores positivos a estimativa de uma Selic próxima de 7% ao ano até 2020, com crescimento acumulado até lá de 23,5% no saldo da poupança, regulamentação dos distratos, crescimento do PIB brasileiro e redução do desemprego.
"Em média, nosso cliente [de Minha Casa Minha Vida] tem 28 anos, ou seja, está na compra do primeiro imóvel. Se depois sua renda aumentava, a família crescia, ele precisava migrar, porque não oferecíamos um produto para fazer o 'upgrade'. Agora, ele vai pode dar o segundo passo dentro da MRV", afirmou Rafael Menin, copresidente da construtora, em almoço com jornalistas nesta terça-feira (12).
Em 2018, a expectativa é que a modalidade represente, no entanto, menos de 5% dos lançamentos da companhia. "Estamos colocando o dedo na água, vamos sentindo", afirmou Eduardo Fischer, também copresidente.
A empresa prevê demanda de 11,9 milhões por novos imóveis entre 2017 e 2025, sendo 16% no segmento "premium", que deve atrair consumidores com renda entre R$ 5.000 e R$ 10 mil.
Para os próximos anos, sem especificar datas, a companhia espera que a participação da linha nas vendas fique entre 10% e 30%.
"É uma visão estratégica e vamos dar a velocidade que entendermos que cabe. Essa janela deve se abrir com força em 2018, a demanda é grande nas cidades, e queremos estar prontos para captar isso. Mas é um produto que depende de taxa de juros baixa, e se nada for feito em relação às reformas de que o país necessita, a Selic fará voo de galinha", diz Fischer.
Segundo os executivos, 10% dos terrenos que a construtora possui hoje poderiam se adaptar à modalidade. "Reenquadrar um terreno é mais fácil do que começar do zero. E esse produto é incremental, não vai substituir Minha Casa Minha Vida. Mas entendemos que é saudável para a empresa no longo prazo ter um portfólio mais amplo", disse Menin.
A nova linha adotará o mesmo modelo de financiamento dos projetos econômicos da construtora, com repasse do imóvel durante a obra, e aplicação de tipologia única com fôrma de alumínio em todas as localidades, explicou o executivo. "Em muitas praças em que atuamos identificamos uma demanda reprimida por esse produto, que costuma ser caro e feito de forma artesanal. Vamos trazer escala industrial para o segmento de média renda", afirma Menin.
Os lançamentos devem se concentrar em capitais e cidades do interior com maior poder aquisitivo, como Ribeirão Preto, Campinas, São José dos Campos e Londrina. As unidades terão dois ou três quartos, com 50 a 65 metros quadrados.
BALANÇO
O ano ainda não fechou, mas a construtora prevê crescimento em 2017.
Em outubro e novembro, a venda bruta média mensal atingiu 4.159 unidades, alta de 46% ante o último trimestre de 2016.
"É provável que, com dezembro, esse número fique ainda um pouco melhor", diz Menin.
A meta de produção da companhia para os próximos anos é passar de 40 mil unidades ao ano para uma capacidade de 60 mil. No segundo trimestre de 2017, já operou no patamar de 50 mil unidades, segundo Fischer.