O bitcoin, a polêmica moeda virtual, fez no domingo (10) uma estreia triunfal no mercado financeiro internacional, superando sem dificuldade os US$ 18 mil por unidade e aumentando a inquietação de alguns investidores com o risco de uma bolha.
Sob o símbolo "XBT" e com um preço de US$ 15 mil, um dos primeiros produtos financeiros que permitem apostar sobre a cotação futura da moeda virtual estreou às 23h GMT (21h no horário de Brasília) de domingo na Chicago Board Options Exchange (Cboe), uma das duas plataformas de negociação deste tipo de contratos nos Estados Unidos.
Começou com volatilidade e um forte tráfego, que tornou inacessível o site da Cboe durante os primeiros 20 minutos. A direção da plataforma, no entanto, informou que as operações não foram afetadas e devem encerrar a primeira jornada nesta segunda-feira às 21h15 GMT (19h15 de Brasília).
O QUE SÃO CRIPTOMOEDAS? |
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O que são e para que servem |
Investir requer cuidado e sangue frio |
Fraudes são ameaça a quem investe |
Embate com governos aumenta risco |
Às 3h20 GMT (1h20 de Brasília), a moeda virtual era negociada a US$ 17.750 por unidade para o contrato futuro previsto para 17 de janeiro, superando assim o valor máximo registrado nas plataformas alternativas da internet onde era negociada até agora sem qualquer regulamentação. Na Cboe chegou a registrar cotação de US$ 18.010.
Um contrato futuro é um produto financeiro que permite aos investidores apostar sobre a evolução de uma moeda, ou seja, se o preço vai subir ou cair.
Estes instrumentos constituem a primeira oportunidade oficial para os investidores profissionais de investir no bitcoin, criado em 2009 e do qual muitos desconfiam pela ausência de regulamentação e falta de transparência, que transformaram a moeda virtual em um ativo popular entre criminosos e traficantes que desejam lavar dinheiro.
A Cboe "dá legitimidade porque reconhece que o bitcoin é um ativo como qualquer outro (dólar, euro, petróleo, gás, soja) que pode ser negociado", explica Nick Colas, analista da Data Trek Research.
A estreia da moeda virtual em um grande mercado internacional foi "bastante tranquila e estável", disse à AFP Bob Fitzsimmons, diretor de contratos futuros da Wedbusch Securities.
Nas primeiras quatro horas e meia foram registradas 1.694 operações, informou a Cboe. "As negociações acontecem de acordo com o previsto", explicou a plataforma.
As negociações são exclusivamente eletrônicas. Sem existência física, o bitcoin apoia-se em um sistema de pagamento entre pessoas P2P baseado em uma tecnologia denominada "blockchain".
A moeda virtual divide os economistas, grandes instituições financeiras e investidores, mas encontrou eco em países excluídos do sistema financeiro americano, como a Venezuela, ou com uma inflação e deflação elevadas.
O entusiasmo chegou recentemente aos países ocidentais, onde as ações das empresas cotadas são muito caras, o que empurra alguns investidores e pequenos correntistas a buscar outros produtos financeiros.
Mas para Jamie Dimon, diretor executivo do banco americano JPMorgan Chase, o instrumento é uma "fraude".
E uma "bolha especulativa" que provavelmente vai "implodir", na opinião dos vencedores do Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz e Jean Tirolle.
Carolina Daffara/Folhapress | ||
ONDE GUARDAR CRIPTOMOEDAS
Elas são armazenadas em carteiras, que têm senhas gigantes e muito difíceis de memorizar
PAPER WALLET
A senha de acesso às criptomoedas fica guardada em um papel
Desvantagem: Perder o papel, já que não há backup
HARDWARE WALLET
A senha fica off-line, em um pen drive, por exemplo, ou em dispositivo específico para criptomoedas. Ledger e Trezor são as mais confiáveis
Desvantagem: no Brasil, o dispositivo específico custa mais de R$ 500
CARTEIRA ON-LINE
Uma corretora administra as senhas e contas de seus usuários
Desvantagem: A corretora pode sofrer um ataque, ou, se não for idônea, pode orquestrar um golpe
CARTEIRA MOBILE OU COMPUTADOR
A senha fica armazenada no smartphone ou no computador
Desvantagem: os aparelhos podem ser invadidos, ou o usuário pode esquecer que tem bitcoins e formatar o HD
Carolina Daffara/Folhapress | ||
PARA INVESTIR EM BITCOIN
Quem pode?
Corretoras permitem maiores de 18 anos com CPF
Onde investir?
Por meio de corretoras especializadas, que criam carteiras no nome dos clientes para que eles gerenciem seus bitcoins
Há mínimo?
R$ 50, o que dá para comprar uma fração da moeda
Como funciona?
O investidor deve transferir o valor para a corretora, que faz a intermediação com quem deseja vender, como no mercado de ações
Há custos?
As casas cobram taxa de quem compra e de quem vende
Tem IR?
Ganho de capital para venda acima de R$ 35 mil é tributado pela Receita em 15%
Quais os riscos?
Volatilidade; roubo #de moedas por hackers; quebra da corretora; falta de garantia; surgimento de outras moedas
Fontes: Bloomberg e consultores