Folha de S. Paulo


Grupo Ultra coloca farmácia em posto e revenda de gás

Marcelo Justo/Folhapress
André Covre, diretor-superintendente da Extrafarma, rede de farmácias do grupo Ultra
André Covre, diretor-superintendente da Extrafarma, rede de farmácias do grupo Ultra

Sem alarde publicitário, a Extrafarma, rede de drogarias com forte presença no Norte e no Nordeste, abriu sua primeira loja em São Paulo neste ano, ao lado da loja de conveniência de um posto de combustível da avenida Bandeirantes. Poucos meses antes, outra drogaria da marca foi inaugurada em uma revenda de entrega de botijão de gás, em Fortaleza (CE).

A ideia, nos dois casos, era testar a convivência do negócio com a Ipiranga e a Ultragaz, ambas do Ultra, grupo empresarial de R$ 77 bilhões de faturamento.

"Não vamos ser uma rede de farmácias em postos, mas eles devem nos ajudar na expansão em certas localidades de São Paulo", afirma André Covre, diretor-superintendente da Extrafarma.

A rede já abriu 18 drogarias no mercado paulistano, responsável por 30% do faturamento do setor no país. Quatro delas foram em postos. Também entrou na Paraíba, em Pernambuco, no Tocantins e na Bahia e reformou lojas nos outros seis Estados em que atua.

Até o fim de 2017, a Extrafarma terá acrescido cem lojas à rede, que fechará o ano com 415 pontos e R$ 2 bilhões de faturamento. Uma expansão tão agressiva que, se seguir neste ritmo, chegará a mil lojas até 2022. Aquisições de concorrentes no período não são descartadas.

Com o apoio financeiro da holding, dinheiro não será problema. Originária no Pará, a Extrafarma foi comprada pelo Ultra em janeiro de 2014, por R$ 1 bilhão. Cerca de R$ 460 milhões já foram investidos na rede desde então.
Fundada em 1960 pela família Lazera, a empresa começou como uma pequena distribuidora de medicamentos em Belém, antes de virar um negócio de R$ 1,1 bilhão em vendas e operação no Amapá, no Maranhão, no Ceará, no Piauí e no Rio Grande do Norte.

Conta, atualmente, com dois centros de distribuição, um em Belém e outro em Aquiraz, no Ceará. Com a ida para São Paulo, um terceiro será aberto em breve.

DO NORTE AO SUL

Entre comprar a varejista e investir na expansão, a Extrafarma, nas mãos do grupo Ultra, levou dois anos para desenhar o plano de como, em pouco tempo, quer se tornar uma das quatro maiores redes de farmácias do país.
O ranking é liderado por RaiaDrogasil, Drogaria São Paulo, Pague Menos e Pacheco, respectivamente, com 12%, 5,9%, 5,8% e 3,7% de participação de mercado, de acordo com a Euromonitor.

"O risco é eles não se ajustarem para atender os paulistanos, fiéis às rivais consolidadas pela proximidade e pelo costume", afirma a consultora Ana Paula Tozzi, da AGR. A integração do programa de pontos com a Ipiranga pode ajudar nisso, segundo ela.

REFORMA

As mudanças promovidas pelo novo controle antes da multiplicação de drogarias, depois de anos de estudo, incluíram a reforma das lojas, mudança no mix de produtos vendidos, inclusive com diferenças regionais, e a criação de um plano de carreiras para os atuais 6.000 funcionários.

Os gerentes farmacêuticos, por exemplo, ganharam metas atreladas a uma remuneração variável de acordo com o desempenho, maneira corriqueira de grandes empresas bonificarem executivos.

Bolsas em faculdades de farmácias também passaram a ser ofertadas.

Nas lojas, depois de um estudo sobre o tráfego dos clientes durante os dias, atendentes foram remanejados de horário para cobrir os picos de consumo.

Contratos de aluguéis dos pontos antigos foram renegociados, e iniciativas de economizar energia elétrica contribuíram para a queda das despesas em 6,4% para R$ 413 milhões de 2015 para 2016, mesmo com os cem novos endereços adicionados à operação no ano.

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EXTRAFARMA

FATURAMENTO - R$ 2 bilhões
NÚMERO DE LOJAS - 415
ATUAÇÃO - 11 Estados
NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS - 6.000
PRINCIPAIS CONCORRENTES - RaiaDrogasil, Drogaria São Paulo, Pague Menos e Pacheco


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