Folha de S. Paulo


'Isso de rede social pega, é um horror', diz Temer sobre críticas à Previdência

Jorge Araujo/Folhapress
A judoca Stefannie Arissa Koyama, que disputará o Mundial de Budapeste pela seleção brasileira
O presidente Michel Temer durante Encontro Anual da Indústria Química

Em discurso de tom otimista para uma plateia de representantes da indústria química, na manhã desta sexta-feira (8) em São Paulo, o presidente Michel Temer fez um apelo para que o setor ajude a pressionar o Congresso pela reforma da Previdência.

Ele disse ser necessário combater "inverdades" usadas para criticar a medida, como a que sugere que o trabalhador do setor privado só poderá se aposentar aos 110 anos.

"Isso pega. Essa história de rede social é um horror, pega. Botam uma caveirinha andando, 'acabei de me aposentar', como se ela tivesse morrido", afirmou Temer, para gargalhadas do público no encontro anual da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química).

Segundo ele, "é mentira, é falso" o entendimento de que as mudanças irão prejudicar trabalhadores, mencionando os da área rural, além de beneficiários como "idosos pobres" e pessoas com deficiência —o governo desistiu de mudar as regras para aposentadoria desses grupos, após a repercussão negativa.

Reprodução
Memes da previdência
Meme sobre a Previdência que circula nas redes sociais e criticado por Michel Temer

O presidente reafirmou a expectativa de que a reforma seja votada na semana do dia 18, antes do recesso parlamentar, como já sinalizou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia.

REFORMA DA PREVIDÊNCIA
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Para Temer, "tudo bem" quem queira criticar a alteração na legislação previdenciária: "Mas quem combate tem que falar que é a favor da manutenção dos privilégios".

A versão do ataque aos privilégios ("ou, se quiserem, demasias", pontuou no evento) tem sido usada pelo governo em busca de apoio popular.

'APLAUSO IMEDIATO'

Temer disse também que é legítima a preocupação de deputados federais que, às vésperas do ano eleitoral, resistem a votar pela aprovação da reforma com receio de sofrerem prejuízos nas urnas.

"É natural que o deputado fique preocupado", afirmou, em meio ao discurso no qual apontou a reforma como fator "indispensável" para a continuidade do crescimento econômico.

O presidente disse que o governo não busca "aplauso imediato", contrapondo suas decisões ao que chamou de medidas populistas ou "desgraçadas", como "já se fez muito no nosso país".

Mais uma vez, lembrou o conselho recebido do publicitário Nizan Guanaes de que deveria aproveitar sua impopularidade para levar adiante medidas polêmicas, mas consideradas fundamentais para o país.

"Eu gravei muito aquilo, sabe?", disse o mandatário rejeitado por 71% dos brasileiros, segundo o Datafolha.

Como exemplos de que seguiu a dica, falou da PEC do teto de gastos e do "movimento reformista" empreendido em sua gestão. Segundo o presidente, a reforma trabalhista, que entrou em vigor em 11 de novembro, "já está gerando muitos empregos e gerará outros tantos ao longo deste final de ano e ao longo do ano que vem".

"Temas polêmicos, mas que foram enfrentados pelo nosso governo e pelo Congresso Nacional com muito vigor. Foram aprovados e estão produzindo bons resultados. Não vamos pensar que a economia reage por simpatia ao presidente da República. Não. Reage diante de dados concretos."


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