Folha de S. Paulo


Negócio familiar vira 'Procter & Gamble' de brinquedos sexuais

Graham Walzer - 26.out.2017/The New York Times
-- PHOTO MOVED IN ADVANCE AND NOT FOR USE - ONLINE OR IN PRINT - BEFORE NOV. 19, 2017. -- Chad and Erica Braverman at Doc Johnson Enterprises, their multigenerational family sex toy business in Los Angeles, Oct. 26, 2017. Chad Braverman recalls lots of jokes when he was a kid; now he's the chief operating officer.
Os irmãos Chad e Erica Braverman na fábrica da Doc Johnson

Em 1976, quando Ron, o pai de Chad Braverman, investiu as pequenas economias que tinha em uma empresa, os consumidores adquiriam seus produtos clandestinamente, em livrarias decadentes, e corriam para casa com suas compras escondidas em sacos de papel pardo.

Braverman filho, que ainda não tinha nascido, cresceu sem saber como o pai ganhava a vida. Só na adolescência veio a descobrir que a empresa que seu pai e o sócio dirigiam não era uma fachada para o crime, como ele supôs por muito tempo.

"Por muito tempo, achei que ele fosse parte da máfia", afirmou Chad Braverman, 35, nos escritórios da Doc Johnson Enterprises.

O que Ronald Braverman fabricava eram pênis de borracha. Ele também produzia vaginas de látex, produtos em formato de mão para inserção anal e diversas outras novidades associadas aos prazeres masturbatórios.

A terminologia evoluiu ao longo das eras, e os produtos, que eram inicialmente conhecidos pelo eufemismo "assistentes matrimoniais" - como se um vibrador fosse uma espécie de terapeuta de casal -, hoje são conhecidos como "produtos para o prazer".

Quando Braverman fundou a Doc Johnson, o nicho era obscuro, mas a empresa se tornou a líder de uma indústria mundial que movimenta US$ 15 bilhões ao ano, com uma base de consumidores crescente e cada vez mais bem informada. E os Braverman –Ron, Chad e sua irmã Erica, 29– viriam a ser a família reinante dos brinquedos sexuais.

Hoje o negócio se tornou comercial o bastante para que a revista "Los Angeles" o definisse como "a Procter & Gamble dos brinquedos sexuais".

A definição tem algo de preciso. Centenas de operários esculpem, moldam, pintam, embalam e despacham os 75 mil produtos que a Doc Johnson fabrica a cada semana.

Trabalhadores usando aventais de laboratório e toucas cirúrgicas misturam seis toneladas de matéria-prima a cada dia, despejando massa em moldes para fabricar consolos ou aparatos como o Sasha Grey Masturbator, seu maior sucesso de vendas, que é a reprodução em tamanho real dos órgãos genitais de Grey, antiga estrela de filmes pornôs.

"Hoje, entendemos aquilo que a empresa faz como a criação de uma experiência, algo semelhante ao mundo do entretenimento", afirmou Braverman.


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