Folha de S. Paulo


Uber roubava dado de rival, diz ex-gerente da empresa

Mensagens de texto cifradas, telefones protegidos contra localização, reuniões secretas em plena madrugada e mensagens que se apagam automaticamente: essas são coisas que costumamos encontrar em romances de espionagem.

Mas eram táticas rotineiramente usadas pela Uber, segundo revelações de um antigo empregado da empresa a um tribunal nos EUA.

Richard Jacobs, antigo gerente mundial de segurança da Uber, disse ainda que o aplicativo buscava roubar informações de concorrentes.

O depoimento dele tornou mais difícil a tarefa da empresa de escapar de um processo que solicita US$ 1,8 bilhão em indenização por ela ter roubado segredos comerciais da Waymo, subsidiária de carros autoguiados da Alphabet (dona do Google).

O juiz encarregado pelo caso acusou a companhia de ocultar "provas", em uma manobra de aparente "acobertamento" e decidiu postergar o julgamento, que deveria começar na semana que vem, após as informações fornecidas por Jacobs.

As acusações também surgem em um momento crítico para a Uber e seu novo presidente-executivo, Dara Khosrowshahi, que vem buscando distanciar a companhia do modo de operação agressivo que ela adotava sob seu predecessor Travis Kalanick.

PREJUÍZO BILIONÁRIO

A empresa vem enfrentando crescentes prejuízos, enquanto tenta vender um grande bloco de suas ações a um consórcio de investidores liderado pela companhia japonesa SoftBank, e está sofrendo críticas por não ter revelado uma grande violação de dados na semana passada.

Segundo informações fornecidas pela empresas a acionistas, ela teve prejuízo de US$ 1,46 bilhão no terceiro trimestre, 38% mais que nos três meses anteriores, quando perdeu US$ 1,06 bilhão, segundo a agência Bloomberg.

O resultado reverte uma tendência vista nos trimestres anteriores, de desaceleração dos prejuízos.

Ele vem na esteira de uma série de escândalos na companhia neste ano. O mais recente foi a revelação na semana passada de que hackers acessaram, em 2016, dados de 57 milhões de usuários –ela ocultou o roubo por um ano.

Em junho, Kalanick foi afastado do comando, após denúncias de assédio e sexismo na empresa.

E, desde fevereiro, ela enfrenta uma disputa judicial com a Alphabet em que é acusada de roubo de segredos comerciais ao adquirir a Otto, uma companhia que desenvolvia caminhões autoguiados e foi fundada por um antigo executivo da Waymo.

A Uber nega as acusações, argumentando que os segredos comerciais da Waymo jamais estiveram armazenados em seus servidores.


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