Folha de S. Paulo


Fundos de previdência com risco maior lideram ranking

Os fundos de previdência que incluíram crédito privado na carteira tiveram melhor desempenho que os demais nos 12 meses encerrados em outubro, de acordo com ranking elaborado pela Comdinheiro, empresa especializada na análise de investimentos.

Os cinco fundos que lideraram o levantamento e que têm como referência o CDI (taxa de juros média de empréstimos entre instituições financeiras) adotaram estratégia de incluir esse tipo de ativo em sua carteira.

"Se o fundo investe em título público, o risco é menor, mas o retorno é o mesmo que todo mundo pode ter", diz Rafael Paschoarelli, professor de finanças da USP e um dos autores do ranking.

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No longo prazo, foco da previdência privada, a diferença pode ficar mais expressiva, ainda mais no cenário atual de queda dos juros. "Com a taxa de juros em um dígito e com a perspectiva de cair mais, o que vai valer agora é a habilidade do gestor em conseguir selecionar os ativos que ofereçam mais retorno", complementa.

"Esse gestor vai ter que negociar melhor com o banco a taxa do CDB [Certificado de Depósito Bancário] e com as empresas que emitiram debêntures [títulos de dívidas]."

Paschoarelli vê ainda na redução do papel do BNDES como grande financiador de empresas uma oportunidade para a emissão de mais títulos por empresas –e os fundos podem se beneficiar dessa oferta maior, na avaliação do professor da USP.

"As empresas que precisam captar não estão conseguindo recursos do BNDES com a taxa que tinham no passado. Elas vão para o mercado de capitais. É um prato cheio para fundos com apetite e que querem escapar dos baixos retornos do crédito soberano."

RISCO

O ranking da Comdinheiro separa os fundos de renda fixa nas classes CDI e inflação, enquanto os multimercados foram compilados segundo a sua volatilidade, que reflete o risco de oscilação das cotas.

Para entrarem na amostra, os fundos precisavam ter mais de 24 meses, patrimônio líquido superior a R$ 20 milhões e mais de cem cotistas.

Dos cinco fundos atrelados ao CDI, só quatro bateram o indicador. Em comparação, todos os com títulos públicos atrelados ao IPCA superaram a taxa de referência. "Mas o investidor tem de ficar atento à volatilidade dos fundos indexados à inflação, que chacoalham mais que os indexados ao CDI", diz Paschoarelli.


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