A diferença de salário vivida pelas brasileiras, que em 2016 ganhavam 84% do salário de um homem, não é muito diferente da que acontece com as profissionais no exterior.
Levantamento da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, grupo que reúne algumas das economias mais ricas do mundo) mostra que as mulheres que tinham emprego de tempo integral ganhavam 85% do valor recebido por homens.
O dado fez a organização soltar um sinal de alerta no mês passado. Isso porque, apesar de nos últimos cinco anos alguns países terem implementados políticas para reduzir a desigualdade, ela pouco mexeu de 2012 para cá.
A maior diferença está na Coreia do Sul, a nona maior economia mundial e dona do 26º maior PIB per capita. Lá, as mulheres ganham 37% menos do que os homens. A menor está na Bélgica, 3,3%.
Nos EUA, a principal economia do mundo, as mulheres ganhavam 18% menos do que os homens no ano passado, nada muito diferente do cenário observado em 2012, quando a diferença era de 19%.
A explicação da OCDE é que, ainda que as profissionais dediquem mais anos aos estudos (48% têm ensino superior, ante 36% deles), a educação delas geralmente não está voltada para o grupo ciência, matemática, tecnologia e engenharia, que costuma levar a melhores salários.
De cada 5 pessoas que ingressam em cursos universitários de engenharia e informática, só 1 é mulher.
Além disso, é mais comum que elas trabalhem em meio período, o que diminui, na média, os seus ganhos em comparação com os homens.
CARGO DE CHEFIA
Levantamentos internacionais mostram que homens e mulheres trabalhando na mesma empresa e com cargos similares têm uma diferença irrisória de salário. O problema é que elas geralmente vão para cargos com salários menores e com chances reduzidas de promoção.
Menos de um terço dos postos de gerência nos países da OCDE é ocupado por mulheres. Mesmo quando a comparação só leva em conta cargos assim no funcionalismo federal, o número não é muito diferente: 33%,
Até quando buscam trabalhos por conta própria (como ambulante ou motorista de aplicativos, para trazer profissões bem presentes para o brasileiro), elas estão em desvantagem. Na maioria das grandes economias, ganham 20% menos do que os homens.
De acordo com a OCDE, reduzir pela metade a diferença de ganhos entre homens e mulheres elevaria em 2,5 pontos percentuais o PIB global até 2025.