Folha de S. Paulo


Escolha do nome da marca pode levar meses ou surgir de uma inspiração

Grandes corporações podem contratar escritórios especializados em batizar todo o tipo de produto ou serviço, mas quem está começando precisa definir algumas opções e testá-las sem ter de gastar muito com o processo.

"Se os possíveis clientes gaguejarem ou errarem ao pronunciar o nome que está sendo avaliado, não serve", diz o consultor do Sebrae Adriano Campos.

Para Jaime Troiano, especialista na construção de marcas, o ideal é que o nome escolhido tenha uma conexão fonética ou semântica com a área de atuação da empresa e se afaste ao máximo da similaridade com negócios já estabelecidos. "Ser confundido é sempre péssimo, ainda mais para quem está se lançando ao mercado."

Bruno Santos/Folhapress
Foto do designer japonês Kenya Hara, publicada na revista serafina de dezembro de 2016
O empresário João Brásio (à esq.) e seu sócio na empresa Já Tá Chegando, Davi Augusto Camargo

OS IMPOSSÍVEIS

O empresário João Brásio, 30, tentou diferentes combinações de palavras –em português e em inglês– que resumissem o serviço prestado por sua empresa, o monitoramento de entregas.

Foram meses de tentativas e erros até que ele chegou a uma ideia aparentemente simples: Já Tá Chegando.

Lindolfo Martin, 64, dono da rede de varejo Multicoisas, não teve tanta dificuldade para batizar seu empreendimento, que hoje tem mais de 200 franqueados.

"Via o desenho 'Os Impossíveis' na casa de um tio em Campo Grande [MS], e achei que fazia sentido batizar a loja com um nome inspirado no personagem Multi-Homem", conta Martin.

Se o nome de batismo se tornar um obstáculo para o crescimento da empresa, é possível modificá-lo.

Em 2001, o empresário Alessandro Pereira, 42, abriu uma churrascaria no shopping Ibirapuera, em Moema (zona sul de São Paulo). A escolha para o letreiro parecia óbvia: Ibirapuera's Place.

"Quando cursava a pós-graduação em marketing, fui alertado por um professor que o nome se tornaria ruim caso eu e meu sócio tivéssemos planos de expansão, já que associava a empresa a um bairro", diz Pereira.

Luiz Carlos Murauskas - 19.dez.2013/Folhapress
Foto do designer japonês Kenya Hara, publicada na revista serafina de dezembro de 2016
Lindolfo Martins, que se inspirou no personagem Multi-Homem para batizar a rede Multicoisas

A segunda ideia, Santa Brasa, chegou a ser registrada no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), mas foi descartada pouco tempo depois. "A palavra 'santa' estava popular demais, denominava negócios completamente diferentes", conta o empresário.

A terceira tentativa, Mania de Churrasco!, foi a definitiva. A rede fechará 2017, segundo estimativas dos sócios, com 46 pontos de venda.

Pereira também chegou a se lançar no segmento das hamburguerias, sem o mesmo sucesso.

O nome, Hamgourmet, era difícil de pronunciar e impossível de memorizar, segundo a opinião de clientes ouvidos por Pereira. "A escolha confundia as pessoas, ao contrário de Mania de Churrasco!, que é fácil de guardar e entrega logo o que a rede faz", diz o empresário.


Endereço da página: