Folha de S. Paulo


OPINIÃO

Boa grife apela às referências emocionais do público

Uma marca é um atalho na mente e no coração do público-alvo. Ela precisa conter uma ideia diferente, mas que já ofereça várias percepções na psique do consumidor.

Para que seja forte e bem-sucedida, a escolha desse nome torna-se um ponto vital para um empreendimento duradouro. Marca é tudo. O resto é consequência.

As pessoas sofrem com o excesso de informação disponível e a falta de tempo para suas atividades. É onde as empresas devem entrar: elas assumem o papel de facilitar as escolhas desses clientes, além de encantá-los com seus produtos e serviços.

Não é mesmo uma tarefa fácil, já que o comportamento do consumidor está sendo redefinido. O cliente hoje filtra melhor suas decisões de compra e tem um relacionamento íntimo com determinadas empresas, suas favoritas. Essa mudança exige ação rápida dos empreendedores, além de evolução e reinvenção constante.

E o nome, como toda a identidade verbal, transmite sinais que as pessoas usam para determinar o que a empresa representa para elas.

Os melhores se tornam parte do vocabulário dos consumidores e sinônimo dos itens que representam, como Uber para "serviço de carro".

Denominar uma empresa, produto ou serviço é um exercício de autenticidade. Este processo trata do simbolismo sonoro e das associações visuais que as palavras têm.

Esse título precisa refletir muito bem a origem da empresa e a que ela se propõe.

Um exemplo é palavra "Sprite", que significa "fada ou duende", e vem do latim "spiritus". Virou o nome de uma bebida, da Coca-Cola, vendida como algo refrescante, enérgico e vivaz.

Combinado com cores como verde claro e amarelo, a opção ganha sentido extra.

Um nome bem desenvolvido deve transmitir o posicionamento, ou diferencial, da empresa no mercado.

É intuitivo, fácil de soletrar e de pronunciar, um trampolim para bons gráficos e publicidade concisa. Não deve ter mais de quatro sílabas e precisa ir além da mera descrição. Deve servir como recurso que liga essa palavra a uma imagem da cabeça do cliente. Criar esse vínculo fica mais simples com palavras que os consumidores já conhecem. Assim, eles estarão mais dispostos a assimilá-las com rapidez.

As plataformas de busca colocaram uma pimenta extra no processo de dar nomes.

É preciso checar como a palavra se sairia quando um cliente for buscá-la ali. Um exemplo de sucesso é o Twitter, que em inglês tem a conotação de um pio de pássaro. Ele transmite a essência do microblog e é um nome único, que ajuda no posicionamento do site nas buscas.

A estrutura das palavras, a maneira como elas soam e até mesmo os memes a que podem estar relacionadas são ingredientes para o sucesso da escolha.

O processo de buscar um nome também deve levar em conta os concorrentes, os objetivos da organização e a certeza de que ele não vem de um modismo.

Que fique claro: um nome bem trabalhado pode resolver diversos problemas e economizar muito dinheiro ao longo do tempo, sobretudo para empresas que crescem com muita rapidez.
Já uma alcunha escolhida às pressas exigirá muito mais publicidade para corrigir suas deficiências. 

GABRIEL ROSSI é especialista em marketing e marcas, professor da ESPM e diretor da Gabriel Rossi Consultoria


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