Folha de S. Paulo


Petrobras desaba 8% após balanço e Bolsa brasileira cai 2,3%; dólar sobe

As ações da Petrobras desabaram após o mercado avaliar que o lucro da estatal ficou abaixo do esperado e levaram a Bolsa ao menor patamar em quase três meses. O dólar fechou em alta, na contramão da tendência de enfraquecimento do exterior por causa das incertezas em torno da reforma tributária nos Estados Unidos.

O Ibovespa, que reúne as ações mais negociadas da Bolsa, recuou 2,27%, para 70.826 pontos, no menor nível desde 23 de agosto.

O dólar comercial subiu 0,42%, para R$ 3,312, maior nível desde 30 de junho. O dólar à vista avançou 0,15%, para R$ 3,302.

A Petrobras foi o grande destaque da sessão e liderou as perdas do índice. A estatal divulgou, na noite de segunda-feira, lucro de R$ 266 milhões no terceiro trimestre do ano. O resultado, porém, ficou bem abaixo do esperado pelo mercado. Analistas consultados pela agência internacional Bloomberg estimavam o lucro em R$ 3,56 bilhões.

Segundo a empresa, a diferença reflete fatores não recorrentes, como a adesão a programas de regularização tributária e provisão para contingências judiciais, que impactaram o resultado negativamente em R$ 2 bilhões.

No entanto, as ações foram penalizadas nesta sessão. Os papéis preferenciais da estatal recuaram 7,75%, para R$ 15,35. As ações ordinárias, com direito a voto, desabaram 8,18%, para R$ 16,05. Em uma sessão, a empresa perdeu R$ 17,9 bilhões em valor de mercado, segundo dados da agência internacional Bloomberg.

"Com mais um resultado abaixo do esperado pelos agentes do mercado, era esperado que um ajuste pontual no preço da ação se materializasse. Mas, apesar disto, continuamos otimistas com a empresa e sua gestão, que tem mostrado grande grau assertivo desde a crise que se abateu sobre a empresa", afirma, em relatório, Pedro Galdi, analista-chefe da Magliano Corretora.

"A gente avalia que o fato de a empresa estar fazendo os ajustes é positivo. Quando fizer o IPO [oferta pública inicial de ações] da BR Distribuidora, a relação Dívida/Ebitda dela vai ficar melhor, é uma situação muito melhor do que a gente via antes na empresa. Quando tem um equilíbrio nessa estrutura de capital, fica mais tranquilo", complementa.

Os papéis também foram afetados pela desvalorização superior a 2% dos preços do petróleo no exterior. A queda ocorreu por previsões de aumento da produção nos Estados Unidos e por um cenário menos otimista para o crescimento da demanda pela AIE (Agência Internacional de Energia).

Aqui, a reforma da Previdência segue no radar dos investidores, com a aproximação do fim da janela para votação da proposta do governo. "O prazo está muito apertado. O Congresso emendou a semana toda. Para o texto ser aprovado e ir ao Senado, faltam poucos dias úteis. Então isso gera um movimento de aversão ao risco", afirma Galdi.

AÇÕES

Além da Petrobras, outro destaque negativo foi a Vale, cujas ações caíram quase 3%, apesar da alta de 1,58% do preço do minério de ferro.

As ações ordinárias da Vale recuaram 2,96%, para R$ 32,16. Os papéis preferenciais caíram 2,89%, para R$ 29,93.

Das 59 ações do índice Ibovespa, somente quatro subiram. Uma ficou estável e 54 terminaram no vermelho.

As ações da Usiminas recuaram 7,59%, enquanto a CSN caiu 5,84%. A Metalúrgica Gerdau perdeu 5,38%, e a Gerdau se desvalorizou 4,69%.

No setor financeiro, as ações do Itaú Unibanco caíram 1,92%. Os papéis preferenciais do Bradesco tiveram baixa de 2,13%. As ações ordinárias do banco tiveram desvalorização de 1,61%. As ações do Banco do Brasil recuaram 2,39%. As units -conjunto de ações- do Santander Brasil fecharam com queda de 3,94%.

DÓLAR

No mercado cambial, o dólar perdeu força em relação a 18 das 31 principais moedas mundiais. Na contramão, o real foi a segunda moeda que mais se desvalorizou ante a divisa americana.

A pressão sobre o dólar continua vindo das dúvidas sobre a reforma tributária americana. A Câmara dos Deputados e o Senado divergem em relação a alguns pontos do texto, e os investidores aguardam uma sinalização de como as posições podem ser conciliadas.

O CDS (credit default swap, espécie de seguro contra calote) subiu 0,98%, para 181,8 pontos.

No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados tiveram dia de alta. O DI para janeiro de 2018 subiu de 7,165% para 7,175%. A taxa para janeiro de 2019 avançou de 7,270% para 7,280%.


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