Folha de S. Paulo


Bolsa sobe após saída de ministro do PSDB abrir caminho para reforma

A saída do ministro Bruno Araújo (PSDB) da pasta das Cidades injetou no mercado a confiança de que o governo conseguirá barganhar cargos em troca de votos para aprovação das mudanças na Previdência, em uma reforma ministerial antecipada. Com isso, a Bolsa brasileira encerrou o dia em alta, após sessão instável.

O Ibovespa, índice das ações mais negociadas, subiu 0,43%, para 72.475 pontos. O giro financeiro foi de R$ 8 bilhões, abaixo da média do mês (R$ 10,2 bilhões).

O dólar comercial avançou 0,51%, para R$ 3,298. O dólar à vista teve valorização de 0,59%, para R$ 3,297.

A melhora no humor da Bolsa, que passou boa parte do pregão em terreno negativo, ocorreu após Bruno Araújo pedir demissão do Ministério das Cidades.

A Bolsa, que caía 0,47%, inverteu o sinal e passou a subir após o anúncio.

Araújo disse à Folha que tomou a decisão por entender que "faltou firmeza ao PSDB" para que ele continuasse no cargo, e que sua participação no ministério dependia do respaldo da sigla.

Ele foi o primeiro ministro do PSDB a pedir demissão diante das movimentações da cúpula do partido para deixar o governo Temer. Além dele, há outros três nomes da sigla na Esplanada dos Ministérios: Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), Aloysio Nunes (Relações Exteriores) e Luislinda Valois (Direitos Humanos).

Segundo Vitor Suzaki, analista da Lerosa Investimentos, a saída do ministro abre caminho para que o Planalto comece a oferecer cargos em troca de apoio de partidos menores que, hoje, ainda demonstram cautela em aprovar a reforma da Previdência.

"A reforma ministerial tende a acomodar partidos do centrão para angariar voto para a reforma previdenciária. Teoricamente, o PSDB deve votar em peso a favor da reforma. Por isso, o governo poderia usar os cargos em uma espécie de barganha com partidos que não são favoráveis, assim como fez com a liberação de algumas emendas", avalia.

No exterior, os investidores ainda operavam com expectativa em torno do plano tributário do americano Donald Trump. A Câmara dos Deputados e o Senado divergem sobre a revisão da lei tributária dos EUA.

A atual dedução federal para impostos estaduais e locais e impostos sobre vendas (Salt, na sigla em inglês) é a principal diferença entre a versão da Câmara para a reforma tributária e uma proposta do Senado divulgada na semana passada.

No mercado cambial, o dólar perdeu força em relação a 20 das 31 principais moedas mundiais. Na contramão, o real foi a moeda que mais se desvalorizou ante a divisa americana.

O CDS (credit default swap, espécie de seguro contra calote) subiu 0,18%, para 179,9 pontos.

No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados tiveram dia de queda. O DI para janeiro de 2018 recuou de 7,177% para 7,165%. A taxa para janeiro de 2019 caiu de 7,290% para 7,270%.

AÇÕES

Entre as 59 ações do Ibovespa, 34 subiram, 22 caíram e três permaneceram estáveis.

As ações da Rumo lideraram as altas, com valorização de 5,24%. A Estacio Participações avançou 4,07%, mesmo percentual de alta da Usiminas.

Na contramão, as ações da Localiza caíram 2,38%. O Pão de Açúcar se desvalorizou 2,37%. E a Braskem perdeu 2,24%.

Os papéis da Petrobras terminaram perto em baixa, seguindo a queda dos preços do petróleo. As ações mais negociadas da estatal caíram 0,48%, para R$ 16,64. As ações ordinárias, com direito a voto, se desvalorizaram 0,29%, para R$ 17,48.

Nesta segunda, a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) previu uma maior demanda por seu petróleo em 2018 e disse que seu acordo de corte da produção com produtores rivais está reduzindo o excesso do combustível em estoque, apontando para um mercado global ainda mais apertado no próximo ano.

Em um relatório mensal, a Opep disse que o mundo precisará de 33,42 milhões de barris por dia de petróleo do grupo no próximo ano, uma alta de 360 mil barris por dia ante a previsão anterior.

As ações da Vale subiram mais de 1%, apesar da queda de 0,65% do minério de ferro no exterior. Os papéis ordinários da mineradora avançaram 1,13%, para R$ 33,14. As ações preferenciais subiram 1,08%, para R$ 30,82.

No setor financeiro, as ações do Itaú Unibanco subiram 0,51%. Os papéis preferenciais do Bradesco tiveram alta de 0,49%. As ações ordinárias do banco tiveram desvalorização de 0,42%. As ações do Banco do Brasil ganharam 0,16%. As units –conjunto de ações– do Santander Brasil fecharam com alta de 0,72%.


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