Folha de S. Paulo


Empresas apostam na África para formar programadores

Mike Blake/Reuters
Jeremy Johnson, presidene da empresa Andela
Jeremy Johnson, presidente da empresa Andela, que treina desenvolvedores na África

Quando Tolulope Komolafe ouviu a proposta, sua reação foi de ceticismo. Uma empresa iniciante em Lagos (Nigéria) pagaria para que ela aprendesse a desenvolver códigos modernos de computação, e depois lhe oferecia um bom emprego.

"Pensei que fosse um golpe", ela recorda. "Bom demais para ser verdade."

Após se informar, Komolafe descobriu que era real. Hoje, ela é desenvolvedora de software e trabalha, de Lagos, para uma start-up em Nova York, e sonha em fundar uma companhia de tecnologia.

A nigeriana Komolafe, 27, é uma das centenas de jovens africanos que trabalham para a Andela, uma start-up de Nova York que atraiu a atenção e o dinheiro de pessoas como Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, e presta serviço a grandes empresas.

A empresa atua com educação, desenvolvimento econômico e lucro. Aposta na capacidade de criar um canal que conduza africanos aos EUA e outros países, para explorar o potencial de um continente ávido por se conectar à economia digital global.

Para Jeremy Johnson, o presidente-executivo da Andela, a empresa oferece "modelo muito diferente para liberar o potencial humano".

A ideia que move a Andela, fundada em 2014, é a de que existe muita gente inteligente na África, mas que em muitos casos essas pessoas não têm a preparação nem o acesso necessários para conquistar empregos produtivos.

A Andela não só instrui pessoas diretamente, como 20 mil aspirantes ao posto de programador, em toda a África, já usaram seus sistemas gratuitos de aprendizado e treinamento on-line. A empresa planeja formar 100 mil desenvolvedores até 2024.

Após seis meses de treinamento pago, os empregados da Andela se tornam membros de equipes de desenvolvimento de software em outras companhias, trabalhando de seus países. Entre seus 112 clientes. estão Viacom, Mastercard Labs e GitHub, nos EUA, bem como empresas de dez outros países.

O desafio para a Andela será expandir seu modelo.

"Será que a Andela vai conseguir encontrar talentos de alta qualidade e empregos relevantes para eles, quando crescer ainda mais?", questionou Aniedi Udo-Obong, gerente de programas do Google que trabalha com desenvolvedores na África.

Os planos da Andela recentemente receberam endosso entusiástico de seus investidores, com uma rodada de capitalização de US$ 40 milhões que elevou o total arrecadado pela empresa até o momento a US$ 80 milhões.

Em viagem pela África em 2016, Zuckerberg visitou o escritório da Andela em Lagos e disse aos trabalhadores que "vocês todos são parte de algo realmente importante".

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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