Folha de S. Paulo


Tarek Farahat renuncia à presidência do conselho da JBS

O executivo Tarek Farahat renunciou nesta sexta-feira (20) à presidência do conselho de administração da JBS. Ele será substituído por Jeremiah O'Callaghan, diretor de relações com mercado da companhia e funcionário da confiança dos irmãos Joesley e Wesley Batista.

Farahat passará atuar como "global advisor" do grupo e permanecerá no conselho da subsidiária americana Pilgrim's Pride. O executivo foi presidente da P&G no Brasil e era considerado uma das grandes contratações realizada pela família Batista.

De origem egípcia, Farahat ocupava a presidência global de marketing da JBS quando assumiu a presidência do conselho de administração. Ele substituiu Joesley, que foi obrigado a se afastar dos negócios por conta das investigações Polícia Federal.

De acordo com pessoas próximas ao executivo, Farahat estava incomodado com os escândalos envolvendo a JBS, que culminaram na prisão dos Batista, e também gostaria de passar mais tempo no exterior.

Para o seu lugar, foi eleito o irlandês Jeremiah O`Callaghan, que trabalha com os irmãos Bastista há 21 anos.

Com passagens pelos frigoríficos Mouran e Bordon, que foram comprados pela JBS, Jerry, como é conhecido, chegou a empresa para estruturar a área de exportação. Ele participou da abertura de capital da JBS e hoje é responsável pela interlocução com o mercado e os órgãos reguladores.

A família Batista optou por Jerry, porque José Batista Sobrinho, patriarca do clã, assumiu recentemente a presidência executiva da empresa após a prisão de Wesley. Pelas regras de governança do novo mercado, ele não poderia ocupar os dois cargos.

MUDANÇAS

Também ocorreram outras mudanças no conselho de administração da JBS. O executivo Noberto Fatio, que já trabalhou na Unilever, deixou o colegiado e vai permanecer apenas em alguns comitês.

Junto com Sérgio Waldrich, ex-presidente da Bunge, Fatio era um dos conselheiros independentes da empresa.

Ele será substituído por Wesley Filho, que vem sendo preparado pela família para tocar os negócios e assumiu recentemente a presidência da JBS na América do Sul. Com apenas 27 anos, ele já presidiu as operações do grupo no Uruguai, Paraguai e Canadá e a divisão de bovinos nos Estados Unidos.

A indicação dos novos membros do conselho não deve agradar ao BNDES, principal sócio minoritário da JBS, por sua proximidade com a família Batista. O banco estatal trava uma briga com os acionistas controladores e vem exigindo a profissionalização da empresa, desde que Joesley acusou o presidente Michel Temer de corrupção em sua delação premiada.

Também assumiram seus assentos no conselho nesta sexta-feira os dois novos representantes do BNDES: Cledorvino Bellini, ex-presidente da Fiat, e Roberto de Penteado de Camargo Ticoulat, ex-vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo. Ticoulat é muito próximo do atual presidente do BNDES, o economista Paulo Rabello de Castro.

A saída de Farahat ocorre na mesma semana em que o TCU (Tribunal de Contas da União) concluiu que o BNDES pagou indevidamente 20% mais por participação na JBS ao liberar recursos para a compra de empresas nos EUA. O TCU apontou como responsáveis o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, Joesley e mais 14 gestores do banco, incluindo o ex-presidente Luciano Coutinho.


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