Folha de S. Paulo


Grandes investidores criticam acúmulo de poder por indústria de tecnologia

Justin Sullivan/AFP
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Mark Zuckerberg, um dos fundadores do Facebook

Dois dos principais investidores em start-ups de tecnologia criticaram o poder que empresas como Facebook acumularam e defenderam, durante uma conferência do setor na quarta-feira (19), a necessidade de redistribuição de riqueza.

Bill Maris, que fundou o braço de capital de risco da Alphabet e agora administra o fundo de risco Section 32, e Sam Altman, presidente da aceleradora de empresas Y Combinator, disseram que o descontentamento generalizado sobre a desigualdade de renda ajudou a eleger o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e colocou ricas empresas de tecnologia na mira.

"Eu sei que a retaliação ao setor de tecnologia vai ser forte", disse Altman. "Temos poder e riqueza cada vez mais concentrados."

O valor de mercado das chamadas "Big Five" de tecnologia —Alphabet, Apple, Amazon, Microsoft e Facebook— duplicou nos últimos três anos para mais de US$ 3 trilhões. O Vale do Silício acumulou riqueza significativa durante o boom tecnológico mais recente.

Altman e Maris falaram no último dia da conferência DLive Technology, promovida pelo "Wall Street Journal".

O papel do Facebook em facilitar o que as agências de inteligência dos EUA identificaram como interferência russa na eleição presidencial norte-americana em 2016 é um exemplo do imenso poder que a rede social acumulou, disseram os investidores.

"As companhias que costumavam ser divertidas e inovadoras e interessantes e benevolentes estão agora interferindo em nossas eleições", disse Maris.

Altman afirmou que as pessoas "estão compreensivelmente desconfortáveis com isso". Ele negou que vai disputar eleição para governador da Califórnia no próximo ano e disse que espera mais demandas do público e de legisladores sobre medidas de proteção à privacidade, além de limitação às informações pessoais que Facebook e outras empresas podem recolher.

Maris afirmou que as autoridades teriam bons motivos para forçar a divisão das maiores empresas de tecnologia. "Essas empresas são mais poderosas do que a AT&T jamais foi", afirmou.

O Facebook afirmou no mês passado que descobriu uma operação provavelmente baseada na Rússia que investiu US$ 100 mil em propaganda política e criou 470 contas e páginas falsas que disseminaram visões políticas e sociais polarizadoras.

Altman e Maris, porém, apresentaram poucos detalhes sobre como promover uma redistribuição da riqueza.

Maris propôs mandatos mais curtos para autoridades eleitas e uma simplificação do código tributário. Altman defendeu política de renda mínima, uma proposta de luta contra a pobreza na qual todos os cidadãos receberiam do governo um salário regular e incondicional.


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